O emotivo Sérgio, uma vez na vida, tem a razão do seu lado

“Já tomei a decisão”. Numa frase, Sérgio Conceição disse tudo e não disse nada sobre a continuidade no FC Porto. O treinador que a 25 de abril, nas vésperas das eleições do clube, renovou até 2028 garantiu que, num futuro breve, se vai pronunciar sobre o que há de verdadeiro no prazo que associou ao vínculo. Fê-lo com a medalha posta no peito incandescido pelo ouro, o metal precioso que cicatriza o alvo de tantas balas.

“Acho que estamos mais perto de ganhar com ele como treinador”, disse Francisco Conceição. “Ele é muito feliz aqui e nós somos muito felizes com ele”, atirou Galeno. No Jamor, além de futebol, jogou-se muito ao faz-de-conta. Toda a gente do lado azul e branco omitiu saber o mínimo detalhe sobre o próximo passo na carreira de Sérgio Conceição. Oportunidades de emprego não lhe faltarão, mas, primeiro, é preciso que se saiba o que vai fazer com aquele que tem e, sobretudo, entender-se com o novo patrão.

A tribuna do Jamor foi o presente, Pinto da Costa o passado, Villas-Boas o futuro. O último troféu de um foi o primeiro do outro. Fundiram os laços de portismo num abraço emocionado capaz de anular o discurso ignominioso trocado por ambos ao longo da campanha eleitoral que levou a um sufrágio favorável à mudança de líder. Sérgio Conceição tentou o menos possível colocar-se a jeito de ver os seus braços serem puxados em direções opostas e o corpo rasgar-se ao meio, embora com a renovação tenha, na opinião de muitos, tomado um partido.

Ficou prometida para a “próxima semana” uma clarificação sobre se ao fim de um ciclo na direção dos dragões vai estar associada uma mudança no comando técnico. Sérgio, o primogénito da emoção, tem a racionalidade atrás da orelha a pedir-lhe que a use na altura de divulgar a decisão sobre o que fazer a seguir. A morosidade do processo indicia que tomou proveito dela. Se a final da Taça de Portugal contra o Sporting serviu de despedida a Sérgio Conceição, a conquista do único troféu no ano que considerou o “mais difícil” dos sete em que esteve nos azuis e brancos, foi um adeus à moda do Porto.

Correr 90 minutos é desgastante. Correr 120, como foi necessário, muito mais. Escalar os degraus do Jamor, as casas do Jogo da Glória, com o combustível na reserva é um processo lisonjeiro para os vencedores e penoso para os vencidos. O FC Porto, tal como nas duas temporadas anteriores, desceu a escadaria a reboque da taça. A vitória por 2-1 fez aquele cortejo parecer uma cascata de satisfação e um rio de alívio.

Cedo no encontro, os dragões se viram a perder. St. Juste deu uma turra valente na bola e reforçou a intenção do Sporting em conquistar a dobradinha. O mesmo St. Juste, depois do FC Porto empatar, acabou expulso devido a um toque não homologado pelo árbitro. A equipa de Sérgio Conceição estava perante a oportunidade de corrigir uma época roída pelo insucesso no campeonato. Tardou, mas Taremi, esse sim, a fazer o último jogo pelo clube, decidiu a final através de uma grande penalidade.

Sérgio Conceição acabou expulso. Como em tantos outros casos, vítima das fúrias germinadas numa alma em ebulição, tomou o ângulo do adepto para apreciar o autorretrato que preparou ao longo dos anos e que, com virtudes e defeitos, pode ter chegado a uma versão definitiva. No intervalo do prolongamento, já com o FC Porto em vantagem, os jogadores reuniram-se perto da zona da bancada onde o treinador se encontrava para ouvirem indicações. Daquele congresso, saiu uma abordagem consensual que valeu a 20.ª Taça de Portugal do emblema da Invicta.

O que se passou

Houve rumaria ao San Mamés para a final da Liga dos Campeões feminina que opôs o Barcelona e o Lyon, a equipa mais hegemónica da história, contra a mais hegemónica da atualidade. A Tribuna Expresso enviou o Pedro Barata em peregrinação até Bilbau para, em detalhe, dar conta da vitória das catalãs (2-0) e de todo o ambiente em torno da partida. Contou-nos um passarinho que vão chegar de Espanha mais novidades em breve

Tadej Pogacar tornou-se oficialmente o vencedor do Giro. O esloveno, que também foi o melhor na montanha, chegou a Roma vestido de rosa. Jonathan Milan foi o rei dos velocistas. Numa grande volta que chamou à ribalta tantos talentos, Antonio Tiberi vestiu a camisola da juventude

Portugal ficou a saber que vai defrontar Panamá, Tajiquistão e Marrocos na fase de grupos do Mundial de futsal

No futebol, o Manchester United de Bruno Fernandes e Diogo Dalot conquistou a FA Cup no dérbi contra o Manchester City. Em França, o Paris Saint-Germain venceu a Taça ao derrotar o Lyon (2-1)

A correr em casa, Charles Leclerc ganhou o GP do Mónaco de Fórmula 1. Piastri e Sainz completaram o pódio. Max Verstappen foi apenas sexto

Na vertente elétrica das corridas, António Félix da Costa ganhou o E-Prix 2 de Xangai

Menos sorte teve Miguel Oliveira que não foi além do 10.º lugar no GP de Moto GP

Fernando Pimenta fez o hat-trick de ouros na Taça do Mundo de canoagem ao vencer as provas de K1 500, K1 1.000 e K1 5.000

O Panathinaikos venceu a EuroLiga de basquetebol 13 anos depois

Algo que não se vê todos os dias, o Valur ganhou a EHF European Cup de andebol no desempate por penáltis