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Mundial 2022

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Dirigente da Federação da Dinamarca diz que ficou “chocado” com as declarações de Infantino: “As palavras dele foram vergonhosas”

Peter Möller, diretor de futebol da seleção dinamarquesa, criticou duramente o que foi dito pelo presidente da FIFA na conferência de imprensa inaugural do Mundial. Infantino disse que os direitos humanos estavam a melhorar no Catar, mas Möller questiona: “Acham que o Mundial melhorou as coisas no Brasil ou na África do Sul?”

Pedro Barata

picture alliance/Getty

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Gianni Infantino deu por aberto o Mundial 2022 com um discurso que catapultou o presidente da FIFA para as manchetes de todo o planeta. O suíço disse sentir-se “árabe”, “gay” ou “trabalhador migrante”, garantiu saber o “que é ser discriminado” porque, na infância, era “ruivo e tinha sardas” e acusou de “hipocrisia” os críticos do torneio que se realizará no Catar, palavras que deixaram o mundo entre a estupefacção e a censura.

No âmbito do futebol, uma das vozes mais críticas para com o que foi dito por Infantino vem da Dinamarca. Peter Möller, diretor de futebol da seleção dinamarquesa, diz que ficou “chocado” com o que ouviu. “As palavras dele foram vergonhosas. Naquele momento, fiquei com vergonha de fazer parte deste evento. Este é o homem que molda a imagem do futebol e que pode realmente mostrar o que o futebol pode fazer”, comentou o dirigente.

No último ano, a Dinamarca tem sido uma das federações mais críticas para com o Mundial 2022. Em entrevista à Tribuna Expresso em setembro, Jakob Jensen, CEO da Federação do país nórdico, considerou o Catar um “um local problemático” para realizar o Mundial e sublinhou o “compromisso” da Dinamarca em “ lutar para que o Mundial possa forçar progressos nos direitos humanos”.

Ao longo dos últimos meses, a Federação da Dinamarca tem trabalhado com a Amnistia Internacional, da qual recebe “conselhos” sobre “a melhor forma de atuar”. A entidade já promoveu, aliás, reuniões entre os jogadores da seleção e a Amnistia Internacional, para que os futebolistas “saibam onde vão jogar e conheçam o contexto”, explicou Jakob Jensen.

A Dinamarca tinha previsto, durante o Mundial, substituir as referências aos seus patrocinadores nas camisolas de treino por mensagens a favor dos direitos humanos. No entanto, a FIFA proibiu essa iniciativa.

A seleção nórdica irá utilizar braçadeiras com o arco-íris, numa mensagem a contra a intolerância num país que criminaliza a homossexualidade. A França, inicialmente, estava dentro dessa iniciativa, mas Hugo Lloris, capitão da seleção campeão do mundo, recusou participar.

Manuel Neuer, capitão da Alemanha, já garantiu que irá usar o símbolo, mesmo não se sabendo se a FIFA irá proibir a ação. Um embaixador do Mundial classificou a homossexualidade como “um distúrbio mental”.

Christian Eriksen, uma das estrelas da Dinamarca, disse, durante o estágio da equipa, que Simon Kjaer, capitão da seleção, irá usar a braçadeira arco-íris. “Não sei que consequências haverá, veremos”, comentou Eriksen.

O diretor de futebol da Dinamarca disse ainda que, devido a declarações como às de Infantino, há “cada vez mais adeptos a virar as costas ao futebol”. A FIFA argumenta que o Mundial tem levado a progressos nos direitos humanos no Catar, mas Peter Möller questiona:“ Acham que o Mundial melhorou as coisas no Brasil ou na África do Sul? Vejamos o que sucede no Catar. Não estou convencido"