O labirinto do irreconhecível FC Porto de Sérgio Conceição
Jamais o FC Porto de Conceição chegara à 16.ª jornada com tão poucos pontos conquistados ou golos marcados
MIGUEL RIOPA/Getty
Comecemos pela grande questão: como é possível que, quando estamos na sétima temporada de Sérgio Conceição no banco do FC Porto, o plantel pareça cada vez menos do agrado do treinador, menos à sua imagem? O que aconteceu para que, apesar de todo o peso e importância que o técnico ganhou no clube, fiquemos com a ideia de que cada vez menos jogadores lhe enchem verdadeiramente as medidas, que os futebolistas à disposição são uma espécie de mal menor com o qual o antigo internacional tem de trabalhar?
A cada janela de transferências, o FC Porto de Sérgio Conceição vai-se tornando menos num FC Porto de Sérgio Conceição. Vai-se dando um paradoxo: à medida que o treinador se tornou cada vez mais central no clube, ao mesmo tempo que o projeto desportivo se foi reduzindo ao que o dono do banco poderia fazer, o plantel foi fugindo do gosto e das pretensões de Sérgio Conceição. O FC Porto em que Sérgio Conceição ganha peso — como figura máxima na comunicação, como imagem desportiva, como grande argumento competitivo — é um FC Porto ao qual vai chegando gente que, claramente, não satisfaz os desejos de Sérgio Conceição.
Neste labirinto em que os dragões estão, faltam as bússolas do passado recente, os pilares da era Conceição. Otávio e Uribe saíram no verão, Marcano está lesionado, Marega, Herrera ou Telles são assunto de outrora. Taremi está mas, entre um contrato a acabar e a escassez de rendimento, parece ausente. Pepe cumpre 41 anos em fevereiro e, como se viu em Alvalade, o tempo também passa pelo eterno defesa.
Em sentido inverso, o próprio treinador convidou-nos, na conferência de antevisão do dérbi do Porto, a ir ao Transfermakt. E, por muito que Conceição fale em tempo de vacas magras, o portal mostra que tem havido investimento azul e branco: esta época foram Iván Jaime (€10 milhões), Nico González (€8,4 milhões), Alan Varela (€8 milhões) ou Fran Navarro (€7 milhões). Estes €33,4 milhões valeram, até ao momento, dois golos — um deles de Navarro, que já foi cedido ao Olympiacos — e zero assistências na temporada. Varela é o único que foi titular em mais do que cinco dos 27 encontros dos dragões na temporada.
Vamos à temporada anterior. Chegaram David Carmo (€20 milhões, a mais cara transferência da história entre emblemas nacionais), Gabriel Veron (€10,34 milhões), Marko Grujic (€9 milhões), Stephen Eustáquio (€4,21 milhões), André Franco (€4 milhões) e Samuel Portugal (€2,5 milhões). Época e meia depois destes €50,4 milhões terem sido investidos, Carmo está na equipa B, Veron foi cedido ao Cruzeiro, Grujic só foi titular em duas das 16 rondas do campeonato, Samuel Portugal nem se estreou pelo FC Porto, André Franco tem uma utilização intermitente. Resta Eustáquio, o único dos 12 futebolistas que chegaram ao Dragão nos últimos 18 meses — há ainda os cedidos Francisco Conceição e Jorge Sánchez — com o estatuto de titular.
Navarro já foi cedido ao Olympiacos e Iván Jaime só foi titular em cinco dos 27 encontros da época
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O desconforto com a matéria-prima à disposição parece ter chegado ao espírito da equipa, que hoje atua como um conjunto descrente, perdido, sem chama ou golpe de asa. Este é, estatisticamente, o pior FC Porto de Conceição à 16.ª jornada, o que somou menos pontos (35, abaixo dos 36 da época passada), marcou menos (23 golos, quando o anterior mínimo com o técnico eram 34) e perdeu mais (três derrotas, nunca passaram das duas), mas talvez o pior nem sejam os números. O mais grave é a sensação de falta de soluções, é a desvalorização que o técnico faz do próprio plantel, escudando-se nas tais “vacas magras” e numa falta de experiência ou traquejo. O mais grave é pensar que o FC Porto tem 35 pontos, mas não seria difícil que tivesse menos, bastando recordar os triunfos cheios de sofrimento contra Farense e Rio Ave, frente a Desportivo de Chaves ou Vitória SC e Gil Vicente.
Em busca da identidade perdida, Sérgio Conceição diz que tem de recorrer mais aos jovens da formação. Mas, paradoxo dos paradoxos, quem tem sido aposta não é da formação nem pode ser propriamente considerado jovem. Zé Pedro tem 26 anos (faz 27 em junho) e chegou ao clube já com 24, após ter atuado nas equipas principais de Fafe ou Estrela da Amadora; João Mendes faz 24 anos em abril e chegou aos 21 ao FC Porto, já depois de ter realizado duas épocas como sénior no Vitória SC.
Fora as contradições com o plantel, o 2023/24 azul e branco é um caminho de equívocos e dúvidas, um estado de espírito inquieto, intranquilo, sem certezas. A pressão alta e agressividade parecem ter-se ido embora, a solidez defensiva também, até a força nos grandes jogos desapareceu, ou não houvesse já duas derrotas contra o Benfica e uma frente ao Sporting.
Sérgio Conceição, treinador de competência mais que comprovada, está longe de ser o único culpado do momento do FC Porto. Na verdade, ele é o grande pára-choques do clube nesta altura, quem leva com toda a instabilidade que surgiu, surge e surgirá, à espera do que tragam as eleições que se avizinham. Mas é inegável que este FC Porto, em que Sérgio Conceição ganha relevância como figura central à medida que referências do campo ou dos gabinetes se apagam, se parece cada vez menos um FC Porto de Sérgio Conceição.
Há um ano, em janeiro de 2023, os dragões venceram a Taça da Liga. Com aquele triunfo, tornaram-se detentores de todos os troféus nacionais, juntando aquela competição ao campeonato, Taça e Supertaça. Passados 12 meses, a Supertaça foi perdida e a Taça da Liga também. Amanhã (20h45, RTP1/Sport TV2) há duelo contra o Estoril, a besta negra dos últimos tempos, para a Taça de Portugal. Os dragões chegam à Amoreira sem margem de erro.
O que se passou
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Jason Miller
Zona Mista
Normalmente acordo, jogo XBox, como, treino um pouco de setas e volto para a cama. Agora mal posso esperar para voltar para a minha XBox.
Luke Littler, o fenómeno de 16 anos que foi vice-campeão mundial de dardos, trouxe mediatismo e destaque para uma modalidade que, basicamente, faz da vida e do ambiente de pub o cenário para um jogo cheio de colorido, cânticos, álcool e apostas.
O QUE AÍ VEM
Segunda-feira, 8
⚽ O fim da jornada 16 da I Liga: Moreirense-Casa Pia (20h15, Sport TV1)
⚽ FA Cup: Wigan-Manchester United (20h15, Sport TV2)
🎾 Ainda antes do quadro principal do Open da Austrália, há o ATP 250 de Auckland (durante a semana, de madrugada, na Sport TV2). No circuito Challenger, siga o Oeiras Indoor II, no Jamor (13h00, Sport TV3), com Gastão Elias ou João Sousa em ação.
🏀 NBA: Golden State Warriors-Toronto Raptors (01h30, Sport TV3)
⚽ Na liga de futsal, o SC Braga recebe o Sporting (20h00, Canal 11)
Terça-feira, 9
⚽ Oitavos-de-final da Taça de Portugal: Sporting-Tondela (18h45, Sport TV1) e Estoril-FC Porto (20h45, RTP1/Sport Tv2)
⚽ Primeira mão das meias-finais da Taça da Liga inglesa: Middlesbrough-Chelsea (20h00, Sport TV3)
🏀 NBA: Milwaukee Bucks-Utah Jazz (01h00, Sport TV1)
🏒 Na NHL, NY Rangers-Vancouver (00h00, Sport TV3)
Quarta-feira, 10
⚽ Seguem os oitavos-de-final da Taça de Portugal: Marítimo- União de Leiria (18h45, Sport TV2), Gil Vicente-Amarante (19h15, Canal 11), Vizela-Arouca (20h00, Canal 11) e Benfica-SC Braga (20h45, RTP1/Sport TV1)
🏀 Euroliga: Barcelona-Olympiacos (19h30, Sport TV6)
⛸️ Campeonato da Europa de patinagem artística (11h00, Eurosport 2)
Quinta-feira, 11
🤾 Começa a campanha de Portugal no Europeu de andebol, defrontando a Grécia (17h00, RTP2)
⚽ Últimas partidas dos oitavos-de-final da Taça: Santa Clara-Nacional (18h00, Canal 11) e Vitória SC-Penalfiel (20h15, Sport TV1)
⛷️ Esqui Alpino, Taça do Mundo (11h15, Eurosport 1)
🎾 WTA 500 de Adelaide (02h00, Eleven 1)
🏒 Hóquei em Patins: WSE Champions League 23/24, Benfica-Reus (20h00, BTV)
Sexta-feira, 12
⚽ A 17.ª jornada da I Liga começa com dérbi algarvio: Portimonense-Farense (20h15, Sport TV1)
⚽ A Taça da Ásia arranca com um Catar-Líbano (16h00, Sport TV 1)
⚽ No regresso da Bundesliga depois da paragem de inverno, Bayern-Hoffenheim (19h30, Eleven 1). Na La Liga, Sevilha-Alavés (20h00)
🏀 NBA: LA Lakers-Phoenix Suns (03h00, Sport TV3)
🏌️DP World Tour: Dubai Invitational (07h30, Spor TV3
🎱🏆 Masters (18h45, Eurosport 1)
Sábado, 13
🤾 Segundo jogo de Portugal no Europeu de andebol, frente à Chéquia (17h00, RTP2)
⚽ A CAN começa com a seleção da casa, a Costa do Marfim do sportinguista Diomande, contra a Guiné-Bissau (20h00, Sport TV 5)
⚽ Na I Liga há o Casa Pia-Famalicão (15h30, Sport TV2), o Desportivo de Chaves-Sporting (18h00, Sport TV1) e o Estoril-Moreirense (20h30, Sport TV2)
⚽ Prossegue a Taça da Ásia, com o Austrália-Índia (11h30, Sport TV 5), o China-Tajiquistão (14h30, Sport TV5) e o Uzbequistão-Síria (17h30, Sport TV5)
⚽ Na Premier League, Chelsea-Fulham (12h30, Eleven 1) e Newcastle-Manchester City (17h30, Eleven 1)
🎾 As finais dos torneios que são a antecâmara do Open da Austrália: ATP 250 de Auckland (01h00, Sport TV2) e Adelaide (05h30, Sport TV2)
Domingo, 14
🎾 Arranca o Open da Austrália, para ver ao longo da quinzena (00h00, Eurosport)
⚽ Muita I Liga: Gil Vicente-Estrela da Amadora (15h30, Sport TV1), Benfica-Rio Ave (18h00, BTV), Vizela-Boavista (18h00, Sport TV2) e FC Porto-SC Braga (20h30, Sport TV1)
⚽ Continuam as máximas competições continentais: na CAN, há lusofonia em jogo, com o Egito de Rui Vitória contra Moçambique (17h00, Sport TV5) e Cabo Verde frente ao Gana (20h00, Sport TV5). Na Taça da Ásia, o Japão de Morita contra o Vietname (11h30, Sport TV5) e o Irão de Taremi contra a Palestina (17h30, Sport TV6)
⚽ Na Premier League, Manchester United-Tottenham (16h30, Eleven 1). Na Série A, AC Milan-Roma (19h45, Sport TV3)
🥊 UFC: Ankalaev-Walker 2 (00h00, Sport TV1)
Hoje deu-nos para isto
Fala-se muito em “política desportiva”. Em apostar nos jovens, em criar condições de crescimento, em promover uma determinada modalidade. Na maior parte dos casos, são palavras vagas e vazias. Mas há um bom caso de política desportiva no panorama nacional. A Federação Portuguesa de Ténis.
Nos últimos anos, a FPT promoveu a explosão de número de torneios em Portugal. Há Challengers, Futures, ITF's, um conjunto de torneios dos circuitos abaixo da ATP (o principal masculino) e WTA (a elite feminina). Ter estas competições em casa permite que os tenistas nacionais possam jogar gastando pouco dinheiro, acumulando pontos e podendo subir no ranking.
Há, ainda, o Centro de Alto Rendimento no Jamor, o apoio técnico e físico que oferece. Citando Francisca Jorge, a melhor portuguesa da atualidade, em conversa com a Tribuna Expresso há uns meses, refletindo sobre o auxílio que ela e a irmã recebem da FPT: “Eu e a Matilde não somos ricas. Sem o CAR e o apoio da Federação, não poderíamos estar ambas a competir, porque o dinheiro não dava para tudo”.
Hoje, Nuno Borges ganhou na primeira ronda do ATP 250 de Auckland. Na madrugada de terça-feira, Francisca Jorge estrear-se-á na qualificação do Open da Austrália, a primeira portuguesa a estar num torneio do Grand Slam desde 2017. Ao mesmo tempo, terminou ontem um Challenger em Oeiras e hoje já arranca outro.
Há uma ligação direta entre os torneios que decorrem no Jamor — ou noutros pontos do país, em número crescente de ano para ano — e a presença de Borges ou Jorge do outro lado do mundo. Porque eles são produtos da presença de competições perto de casa, do apoio do CAR, da possibilidade de contarem com técnicos pagos pela Federação, de usufruírem de uma série de apoios institucionais, que vão além do voluntarismo e da dedicação individual.
Talvez falte o surgimento de um grande fenómeno para chamar a atenção para o trabalho da FPT. Michelle Larcher de Brito perdeu-se pelo caminho e, sejamos honestos, Francisca Jorge ou Nuno Borges não são talentos de dimensão mundial. Mas, se eles são profissionais que lutam por estarem entre os melhores, muito se deve à política desportiva da federação. O ténis português não tem um talento que escape à lógica, digamos que não possui o seu Diogo Ribeiro, mas, se vemos a bandeira nacional a tentar assomar no mundo da competição feroz da bola amarela, é justo dar mérito a uma aposta desportiva que não confia só no acaso ou na geração espontânea.
Francisca Jorge
BEATRIZ RUIVO/FPT
Obrigado por estar aí desse lado e tenha uma boa semana, preparando essas olheiras para o Open da Austrália enquanto torce pela seleção de andebol e utiliza a CAN ou a Taça da Ásia para aprender sobre geografia ou política. Continue a ler-nos no site da Tribuna Expresso, onde poderá seguir a atualidade desportiva e as nossas entrevistas, perfis e análises. Siga-nos também no Facebook, Instagram e no Twitter.
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