Futebol internacional

A felicidade simplificada do cruijffista João Félix: “Às vezes, fazer o simples é o mais complicado”

A felicidade simplificada do cruijffista João Félix: “Às vezes, fazer o simples é o mais complicado”
Quality Sport Images

Duas vezes titular, dois 5-0 para o ‘seu’ Barcelona, o clube que via em criança com o pai e o irmão. Três golos, duas assistências e a promessa de encaixar num jogo mais fluído e condizente com a sua essência. Foi disso que falou depois da vitória com o Antuérpia, no arranque da Liga dos Campeões. “Estou feliz. O ambiente da equipa é fantástico, o clube é gigante. A forma de jogar é simples, é fácil, um dois toques, quando assim é o jogo torna-se mais fácil, torna-se favorável para os avançados.”

Talvez saiba, talvez não, mas João Félix citou Johan Cruijff. Tinha acabado de meter mais dois golos pelo Barcelona, aparentemente pelo seu Barcelona, e de dar mais um golo a Lewandowski. “Às vezes, como se costuma dizer no futebol, fazer simples é o mais complicado”, disse depois do 5-0 ao Antuérpia, no debute da última edição da Champions como a conhecemos. Esse é um dos mandamentos de Johan, o pai espiritual do deslumbrante Barcelona tetra e campeão europeu nos anos 90.

“Às vezes, como se costuma dizer no futebol, fazer o simples é o mais complicado. Um, dois toques, todos jogam bem a um, dois toques, a bola circula muito mais rápido”, explicou na ressaca de mais uma exibição interessante, claramente a arquivar todas as más lembranças em Madrid, perto de um homem que quase, quase citou mais à frente nesta entrevista rápida.

“Defender combinações e tabelas é sempre mais complicado do que um jogador ir contra um, dois ou três”, continuou, exibindo o seu lado mais sul-americano, pelo menos no encanto pela tabela. “Quando assim é, as equipas têm dificuldade em jogar contra nós. Acabamos por criar muitas oportunidades, foi o que fizemos, mais uma vez estivemos muito bem.” O Barça, no grupo do FC Porto (que bateu o Shakhtar em Hamburgo), goleou os belgas, de Mark van Bommel e Marc Overmars, com golos de Félix, Lewa, Bataille na própria e Gavi.

Talvez saiba, talvez não, mas João Félix usa o número de Johan Cruijff, o mítico 14. É certo que, na Catalunha, o homem que tinha a boca demasiado grande e que ia contra todos os que ousavam meter-se no caminho vestia a camisola 9, como um avançado clássico, mas é unânime que o número a que é associado é o 14.

Sobre isto é provável que Félix tenha conhecimento ou, quem sabe, terá sido aconselhado. O que ele sabe é os cantos e recantos da nova felicidade, dos novos ventos, que o juntam a duplos 5-0, com Betis e Antuérpia nos seus dois primeiros jogos como titular, nos quais marcou e assistiu.

David Ramos

“Estou feliz”, admitiu. “O ambiente da equipa é fantástico, o clube é gigante. A forma de jogar é simples, é fácil, um dois toques, quando assim é o jogo torna-se mais fácil, torna-se favorável para os avançados, que acabam por ter mais oportunidades. E como é óbvio, como se nota, estou feliz. É continuar o trabalho que tenho vindo a fazer com a ajuda dos colegas. A equipa está bem.”

O jornalista brasileiro explorou sabiamente o lado sentimental do jogador, o lado mais humano daquela simplicidade, então questionou ainda o futebolista sobre os sonhos de criança. Era mesmo um sonho estar ali? “Sim, era o meu sonho jogar aqui, já disse publicamente. Desde pequeno que via o Barcelona em casa, com o meu pai e o meu irmão. Sempre fomos adeptos do Barcelona em Espanha. Estou contente por estar aqui”, confessou.

O jogador, que parece ter deixado para trás as nuvens que semeou e semearam por ele no Atlético Madrid, prometeu mais e quase atirou um mandamento cholista, o manual de Diego Simeone, o treinador do Atleti com quem não encaixou. “Vamos tentar chegar o mais longe possível, somos mais uma equipa, estão todas para ganhar e competir. Vamos passo a passo”, explicou sobre os desejos e ambições na Liga dos Campeões, uma competição que foge ao Barça desde 2015.

O foco, garante, já está no jogo em casa emprestado com o Celta de Vigo de Rafa Benítez. É no sábado, pelas 17h30. Nem duas semanas depois, vai dar-se um regresso a Portugal, para defrontar o FC Porto, onde passou na formação. “Vai ser complicado, não é fácil jogar lá no Dragão, sei como é jogar lá”, reconheceu. “É um estádio complicado, mas vamos lá com a mesma mentalidade de jogar o nosso futebol e trazer os três pontos.”

Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: htsilva@expresso.impresa.pt