António Costa abriu o congresso da UEFA, em Lisboa, pedindo “apoio” das federações europeias à candidatura que inclui Portugal ao Mundial 2030. Nessa proposta entrou, em março, Marrocos, sugerindo que a Ucrânia poderia abandonar o projeto. No entanto, as palavras do Primeiro-Ministro incluíram o país de leste na candidatura, algo reiterado, logo a seguir, no discurso do presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes.
Na conferência de imprensa que se seguiu ao congresso, o qual reelegeu, sem oposição, Aleksander Ceferin para novo mandato à frente da entidade máxima do futebol europeu, o presidente da UEFA garantiu “não ter ficado surpreendido” pelas palavras de António Costa sobre a manutenção da UEFA na candidatura. O esloveno, que foi reconduzido na liderança da UEFA até 2027, confessou ter “adorado o discurso” do Primeiro-Ministro português, porque “adora futebol e apoia muito” o jogo.
Ceferin voltou a sublinhar o “apoio” à candidatura conjunta, particularmente porque “só há uma proposta europeia”. “Considero-o a nossa candidatura, a candidatura da UEFA. Faz sentido juntar Marrocos, que é muito perto de Portugal e Espanha, então acho que é uma boa ideia”.
Numa curta conferência de imprensa, de certa de 15 minutos, apesar dos muitos pedidos dos jornalistas presentes, o esloveno, de 55 anos, foi ainda questionado sobre a situação das equipas e da seleção russas, suspensas desde o começo da guerra com a Ucrânia. Ceferin foi claro: “Será sempre uma decisão do Comité Executivo, mas a minha opinião é que, até que a guerra pare, será muito difícil que algo mude”.
O congresso da UEFA não elegeu Lise Klaveness, presidente da federação da Noruega, para o Comité Executivo. O órgão continuará, assim, a ter 19 homens e uma mulher, a qual lá tem assento devido a uma vaga reservada, por quota, para uma mulher — em Lisboa a galesa Laura McAllister substituiu a francesa Florence Hardouin.
Interrogado sobre esta falta de representatividade na UEFA — na mesa principal do congresso havia 16 homens e nenhuma mulher —, Ceferin chutou para canto: “Quanto tens eleições democráticas, é difícil falar em oportunidades perdidas. Eu não veto nem interfiro em eleições. Tenho a certeza que Lise terá um futuro brilhante na nossa organização”, comentou, elogiando Laura McAllister, que se tornou, paralelamente, na primeira vice-presidente mulher da história da UEFA.
Para Ceferin, a falta de mulheres em posições de liderança no futebol “não é um fracasso", defendendo o esloveno que não pode “dizer aos delegados como votar” nas distintas eleições.
Outro tema do momento no futebol internacional é a propriedade múltipla, com a mesma pessoa ou empresa a deter vários clubes. São os casos do City Group, com o coração no Manchester City e outros 11 clubes em todo o mundo, o grupo RB, com presença na Alemanha, Áustria, Brasil ou EUA, ou, mais recentemente, a Qatar Sports Investment, dona do PSG e com 21,67% do SC Braga, o fundo V Sports, proprietário do Aston Villa que comprou 46% da SAD do Vitória SC, ou Robert Platek, investidor no Spezia e Casa Pia.
Sobre este assunto, Ceferin disse “não haver ainda qualquer decisão”, mas apenas “discussões internas”. O esloveno considera “não haver nada de mal” em quem se aproxime do futebol “procurando o lucro”, mas “não se podem esquecer do verdadeiro objetivo” além do dinheiro. “As regras sobre quem pode deter um clube devem ser estritas. E temos de ter em conta a questão da sustentabilidade. É tudo o que posso dizer sobre a propriedade múltipla neste momento”, rematou o reeleito presidente.