Agora sim, não há mais dúvidas. O Al-Nassr acaba de confirmar a chegada de Cristiano Ronaldo ao clube saudita. O capitão da seleção nacional muda-se assim para o Médio Oriente, onde deverá jogar nas próximas duas temporadas. Depois de ter iniciado, em 2002, a carreira a nível sénior no Sporting, o avançado sai, pela primeira vez, do futebol europeu.
Numa mensagem na sua conta em inglês, o Al-Nassr sublinhou a importância do momento para o clube e para a Arábia Saudita: “História a ser feita. Esta é uma contratação que não só inspirará o nosso clube a atingir ainda maiores êxitos, mas também inspirará a nossa liga, a nossa nação e as gerações futuras, rapazes e raparigas, a serem a melhor versão deles próprios. Bem-vindo, Cristiano, à tua nova casa”.
É o fim de uma novela que da qual já se esperava o final. Sem verdadeiras oportunidades num grande clube na Europa, o jogador português vai agora iniciar uma nova fase na carreira, fora dos grandes palcos, das grandes competições de clubes.
Em novembro, Cristiano Ronaldo deixou o Manchester United por comum acordo, depois da polémica entrevista a Piers Morgan onde criticou o clube e o treinador Erik ten Hag. A continuidade tornou-se insustentável e Ronaldo viaja agora para o Médio Oriente, onde terá à sua espera um contrato milionário.
Os valores não são oficiais, mas a imprensa saudita fala de um contrato de dois anos e meio, com o português a receber qualquer coisa como 200 milhões de euros por época, valor que engloba não só o vencimento do clube mas também compromissos comerciais. Um deles, disse o diário “Marca” há cerca de duas semanas, seria o de Ronaldo, depois de deixar de jogar, tornar-se em embaixador da candidatura da Arábia Saudita ao Mundial de 2030, competição que Portugal também quer organizar, em parceria com Espanha e Ucrânia. Ronaldo tornar-se-ia assim rival do seu país.
Com nove títulos de campeão saudita, o Al-Nassr é um dos grandes do país, só tendo sido menos vezes campeão nacional do que o Al-Hilal. Está em segundo na presente edição da liga, com 23 pontos, menos dois que o Al-Shabab.
No Al-Nassr, Ronaldo será orientando pelo treinador francês Rudi Garcia, que foi campeão no Lille e orientou Marselha, Lyon ou Roma. No ataque, terá a companhia de Talisca, ex-Benfica, e Aboubakar, ex- FC Porto. Também nomes com algum passado são Luiz Gustavo, internacional brasileiro que ganhou a Champions pelo Bayern em 2012/13, ou David Ospina, guardião colombiano que defendeu 128 vezes a baliza do seu país.
Mais de 20 anos depois da estreia, o adeus à Europa
Cristiano Ronaldo estreou-se no futebol sénior com 18 anos. Num Sporting - Inter, em 2002, na qualificação para a Liga dos Campeões, fez os primeiros minutos num trajeto que o levaria ao topo do jogo em todo o mundo.
Após apenas uma temporada completa em Alvalade, seguiu-se a ida para o Manchester United, onde durante seis anos brilhou sob as ordens de Sir Alex Ferguson. Foi tricampeão da Premier League e venceu a primeira Champions, em Moscovo.
De Inglaterra deu-se o cumprir do sonho de Madrid. No Real, foi uma estrela desde a apresentação, num Bernabéu cheio. Foram uns absurdos 450 golos em 438 jogos, no auge da carreira do madeirense, contribuindo para um dos períodos mais gloriosos do clube da capital espanhola, que culminou na vitória em quatro Ligas dos Campeões em cinco temporadas.
No final dessas quatro Champions, a últimas das cinco conquistadas pelo avançado que é o melhor marcador da história da prova, Ronaldo foi para a Juventus. Em Itália, continuou a haver golos a um ritmo superado por poucos — 101 em 134 encontros — e duas Serie A, mas o brilhantismo já não era tanto como nos melhores anos e o objetivo de reconquistar a Champions caiu sucessivamente aos pés de Ajax, Lyon e FC Porto.
No verão de 2021, Cristiano fez um regresso promovido como emocional a Old Trafford. Depois de fazer 24 golos na época 2021/22, a nova campanha cedo trouxe todo o tipo de problemas e polémicas ao madeirense.
A ausência na pré-época, a saída antecipada no jogo contra o Tottenham, a entrevista. No Mundial onde poderia reclamar um lugar entre os melhores, a tendência continuou: o não golo contra o Uruguai, a reação à substituição contra a Coreia do Sul, a suplência frente a Uruguai e Suíça. Muitas polémicas, poucos golos — entre seleção e United, apenas 4 em 23 jogos esta temporada.
Depois de mais de 20 anos na Europa, após mais de 900 partidas na elite de Inglaterra, Itália Espanha ou Champions League, Cristiano Ronaldo ruma à Arábia Saudita. Uma nova etapa abre-se na carreira do madeirense.