Portugal: Diogo Costa; Diogo Dalot, Pepe, Rúben Dias e Raphaël Guerreiro; William Carvalho, Otávio, Bernardo Silva e Bruno Fernandes; João Félix e Gonçalo Ramos.
Fora do onze com que a seleção arrancará os oitavos de final do Mundial frente à Suíça ficou Cristiano Ronaldo, provável sofredor das consequências das palavras proferidas e reação tida no jogo anterior, com a Coreia do Sul, quando Fernando Santos o substituiu a meio da segunda parte. O selecionador confessou que “não gostou nada” das imagens que depois veria e poderá ter sido esse desgosto a ditar uma decisão tão pouco vista.
Ver Cristiano Ronaldo sentado no banco, com um colete vestido e à espera de ser chamado a aquecer é um cenário raríssimo, do mais inóspito que existe na arquitetura paisagística da seleção nacional em grandes torneios. Nos 47 jogos que Portugal fez em Europeus ou Mundiais desde a sua estreia em Trás-os-Montes, ainda com madeixas loiras penduradas no cabelo e contra o Cazaquistão, o hoje capitão apenas foi escolhido como suplente em quatro partidas e já se troca o passo para recuarmos à última vez que tal se viu.
Aconteceu em 2008, na Suíça, quando a seleção nacional se deslocou a Basileia já apurada para os ‘oitavos’ do Europeu para defrontar os anfitriões com uma equipa rodada por Luiz Felipe Scolari. O feitiço do descanso aos supostos titulares virou-se contra o autor, Portugal perdeu por 2-0 e Cristiano não pisou a relva. Antes, só em 2006 e no Mundial da Alemanha, quando a seleção também estava já garantida nas andanças a eliminar, Ronaldo não saiu do banco contra o México e o desfecho pintou-se feliz: vitória por 2-1. Este par de incidências tinha somente um precedente: em 2004, no Europeu caseiro, o madeirense começou sentado os dois jogos iniciais contra Grécia e Rússia, entrando em campo em ambos.
Pelo jogador que é e a preponderância que desde cedo assumiu, não mais vimos Cristiano a ser preterido de um onze inicial em Campeonatos do Mundo ou da Europa.
Que o capitão esteja em campo na íntegra dos jogos da seleção, aliás, é um quase facto nas participações de Portugal nestas grandes competições. Dos 20 jogos feitos por Ronaldo em Mundiais, apenas foi substituído em cinco, sendo que um deles se deveu uma lesão: em 2006, na afamada ‘Batalha de Nuremberga’ contra a então Holanda, nos oitavos de final, uma entrada de Khalid Boulahrouz forçou a sua saída aos 34 minutos. Nas outras quatro ocasiões, jamais abandonou o relvado antes da hora de jogo.
Em Europeus, o rácio ainda se comporta com maior timidez. Nos 25 encontros que tem, Cristiano foi substituído em apenas três e um teve a mesma justificação. Na partida de maior relevo na história do futebol português, o capitão abandonou a final de 2016, no Stade de France, aos 25 minutos, incapaz de prosseguir em jogo após uma entrada do francês Dimitri Payet. Acabaria essa excelsa partida com o joelho coberto por ligadura, a coxear à frente do banco de suplentes, gesticulando indicações e a abanar Fernando Santos com entusiasmo.
Esta terça-feira, nos ‘oitavos’ do Mundial do Catar, começará sentado ao lado do selecionador nacional. Aos 37 anos e ao que parece, pela atitude que teve perante a raridade de ter sido substituído. O que pretendeu Fernando Santos com esta decisão? “Que a equipa tenha uma desenvoltura muito grande, que os cinco da frente com grande desenvoltura, a criarem espaços e a quererem jogar, com a equipa equilibrada, mas com grande desenvoltura”, disse, apenas, na breve resposta à flash-interview da “RTP” já no estádio, antes do Portugal-Suíça.
E disse mais: “Foi uma opção estratégica para este jogo, já vínhamos há uns dias a preparar, ele é um profissional exemplar e se tiver de ir a jogo, vai ajudar Portugal”.