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Ronaldo abandonou o banco antes dos 90’ do United-Tottenham e treinador diz: “O que vimos foram 11 jogadores que atacam e defendem”

Pela segunda partida esta época, Cristiano não saiu do banco de suplentes de um jogo do Manchester United. E, pela segunda vez esta temporada, não assistiu ao jogo até ao fim: o português abandonou o campo ainda antes dos descontos da vitória (2-0) da equipa. Desta feita, o treinador Erik ten Hag não justificou a decisão, dizendo apenas que ia “tratar disso” no dia seguinte

Diogo Pombo

Laurence Griffiths/Getty

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O relógio ainda nem batera nos 90’, restavam mais de 30 segundos e Ronaldo, de colete laranja vestido sobre a camisola de aquecimento, encaminhou-se para o túnel que submerge aos balneários do estádio. O Manchester United vencia, em andamento, o Tottenham por 2-0 e o português decidia não ficar no banco de suplentes a assistir ao que restava do jogo da equipa, ao aperceber-se que não iria entrar em campo após cumprir vários minutos a esquentar os músculos perto da linha lateral.

O ato de abandonar o banco antes do jogo terminar não é inédito para o português esta temporada. Ainda durante a pré-época, na qual falhou as primeiras três semanas de preparação - alegando motivos pessoais, mas badalada pela imprensa inglesa como forma de forçar o United a deixá-lo sair e procurar outro clube que competisse na Liga dos Campeões -, Ronaldo foi substituído ao intervalo de um jogo particular contra o Rayo Vallecano e, além de vários outros jogadores da equipa, abandonou o recinto enquanto a partida ainda decorria. “Eram muitos jogadores. Disse-lhes que é inaceitável”, revelaria Erik ten Hag, o treinador que chegou no verão ao clube.

Há cerca de dois meses, a decisão do neerlandês foi “mencionar, reprimir e seguir em frente”. Desta feita, ao ser questionado sobre o gesto de Cristiano logo após o encontro, o técnico disse apenas que “não falou” com ele e iria “lidar com isso” esta quinta-feira, na ressaca da segunda vez esta época em que optou por convocar o capitão da seleção nacional, deixá-lo no banco de suplentes e não lhe dar minutos em campo. No total dos 12 jogos que tem pelo Manchester United em 2022/23, o português foi titular em seis e soma 690 minutos de ação (dois golos marcados e uma assistência).

Ronaldo abandonou o banco e a equipa numa altura em Ten Hag tinha feito três das possíveis cinco substituições: entrou o escocês Scott McTominay, seguido do dinamarquês Christian Eriksen, ambos para o meio-campo, além de Anthony Elanga, extremo sueco. Depois dos 90’, ainda seriam jogados mais cinco minutos de descontos.

Sem explicar, em específico, as suas escolhas, Erik ten Hag preferiu falar na exibição coletiva do United, descrita por vários jornais ingleses como uma das melhores desta época. “Quero focar-me na equipa. O que vimos foi 11 jogadores que defendem e 11 jogadores que atacam. Houve muita dinâmica, mas não estou totalmente satisfeito porque esse tem de ser o standard habitual e ‘bom’ não é bom o suficiente”, argumentou.

Na única outra partida em que Ten Hag optou por deixar Ronaldo sentado no banco, aquando da pesada derrota (6-3) no dérbi de Manchester, frente ao City, o técnico prontamente justificou a decisão: “Não o ia colocar [em campo] porque estávamos a perder 4-0 e seria uma falta de respeito pelo Cristiano e pela sua grande carreira”.

No mês passado, noticiou-se que o treinador deu o aval à saída de Cristiano do clube em janeiro, na próxima janela internacional de transferências e já depois do Mundial do Catar, onde o português irá capitanear a seleção nacional. No arranque da temporada, Ten Hag garantiu, por várias vezes, que contava com Ronaldo no Manchester United.