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Oficial: Manchester United anuncia saída de Cristiano Ronaldo. Acaba de forma amarga o regresso do filho pródigo a Old Trafford

Num curto comunicado, o clube diz que saída se dá por “acordo mútuo” e que terá “efeitos imediatos”. Ronaldo, que jogará assim o Mundial como desempregado, reafirma o amor pelo emblema onde se tornou uma estrela mundial, mas diz que “é a altura certa para procurar um novo desafio”

Lídia Paralta Gomes

OLI SCARFF/Getty

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Cristiano Ronaldo está de saída do Manchester United. Foi o próprio clube a confirmar a saída do português, garantindo que se fez por “acordo mútuo” e terá “efeitos imediatos”. Num curto comunicado, a equipa de Manchester agradece o “grande contributo durante as suas duas passagens” pelos red devils e deseja “o melhor para ele e para a sua família no futuro”.

Acaba assim de forma amarga o regresso do português ao clube onde se fez estrela mundial. Cristiano Ronaldo voltou a Old Trafford no verão de 2021 envolto numa aura de filho pródigo. Ali tinha brilhado entre 2003 e 2009, conquistando três títulos da Premier League e uma Liga dos Campeões. Há um ano e meio, a intervenção de Sir Alex Ferguson desviou-o do City, mas a segunda passagem pelo United foi feita de mais sombras do que luzes. A má relação com o treinador Erik ten Hag e a entrevista concedida a Piers Morgan na última semana, onde deixou críticas contundentes ao clube e a quem nele manda, rompeu definitivamente uma ligação já frágil.

Nos dois períodos a jogar com a camisola do Manchester United, Ronaldo fez 346 jogos e marcou 145 golos.



OLI SCARFF/Getty

Aos 37 anos, Cristiano Ronaldo fará assim a estreia no Mundial, na quinta-feira, frente ao Gana, sem clube. No final do Mundial terá via aberta para escolher o que fazer no futuro, com a abertura da janela de transferências de janeiro.

Uma relação deteriorada

A esperança de que o regresso de Cristiano Ronaldo desse o empurrão necessário ao Manchester United para se reerguer cedo se desvaneceu. Logo em novembro, o treinador Ole Gunnar Solskjaer foi despedido, sendo substituído por Ralf Rangnick e em março a equipa caiu nos oitavos de final da Champions.

No final da temporada, o 6.º lugar na Premier League não chegava para jogar a liga milionária na época seguinte. Durante a pré-temporada, Cristiano Ronaldo terá mostrado desejo de deixar o clube para jogar numa equipa que estivesse na Liga dos Campeões e a chegada de Erik ten Hag tornou o futuro do português em Manchester mais nubloso. Depois de não ter viajado com a equipa na pré-época na Austrália e na Ásia, Cristiano Ronaldo não foi aposta do neerlandês como titular. E com o mercado de verão encerrado, permaneceu mesmo em Old Trafford.

Há um mês, num encontro frente ao Tottenham, Cristiano Ronaldo recusou-se a entrar, quando faltavam três minutos para o final do jogo, deixando o estádio ainda antes do encontro acabar. Foi suspenso, mas nos últimos encontros havia voltado a merecer a confiança de Ten Hag, jogando a titular. A entrevista a Piers Morgan mostraria que, afinal, nada ficou resolvido.

Nessa conversa, Cristiano Ronaldo disse “não respeitar” Ten Hag porque o treinador nunca terá mostrado esse respeito por si. Assumiu que a empatia entre os dois não era boa e, mesmo dizendo-se arrependido por ter abandonado a equipa no jogo com o Tottenham, acusou on treinador de "provocação".

"Não me quer meter contra o Manchester City por respeito à minha carreira mas depois quer por-me três minutos contra o Tottenham. As desculpas têm perna curta. E ele fez de propósito. Se for preciso entrar cinco minutos porque alguém se lesionou na seleção ou em outro clube eu ajudo, mas daquela maneira acho que foi uma provocação. Por isso é que digo que ele não mostra respeito por mim”, sublinhou.

OLI SCARFF/Getty

Já sobre o Manchester United, as críticas foram imensas e fortes. Cristiano Ronaldo acusou o clube de ter “parado no tempo” e que nada ter mudado desde o tempo de Sir Alex Ferguson.

“O progresso foi zero. Desde que Sir Alex foi embora que não houve evolução no clube, nada mudou”, aponta, falando de questões como infraestruturas de treino, até piscinas, ginásios e cozinha. Cristiano acusou também os altos dirigentes do clube de “falta de empatia”, avançando que haviam duvidado das suas razões para não estar na pré-época do clube. O avançado revelou que nesse período a sua filha mais nova, de três meses, esteve hospitalizada com bronquite. A família Glazer, que detém o clube, também não escapou as críticas.

A Piers Morgan, Cristiano Ronaldo não deixou claro um desejo de sair do clube, mas abriu as portas a uma possível saída. “Não digo que precise de um novo desafio, mas talvez seja melhor para mim e para o Manchester United”, disse. O clube, logo na sexta-feira, anunciou ter ”iniciado os passos apropriados" para responder à entrevista e a decisão foi rápida, limpa, não esperando pela estreia de Ronaldo no Mundial. A imprensa inglesa já havia avançado no próprio dia que a saída imediata de Ronaldo seria o cenário mais certo. A rescisão de contrato foi, aparentemente, amigável.

“Depois de conversações com o Manchester United, decidimos, mutuamente, terminar o nosso contrato mais cedo”, pode ler-se num também ele curto comunicado de Ronaldo que a BBC está a divulgar. “Amo o Manchester United a os adeptos, isso nunca vai mudar. Mas é a altura certa para procurar um novo desafio. Desejo à equipa todo o sucesso no resto da temporada e para o futuro”, diz ainda o português.

Aconteça o que acontecer, Ronaldo será um jogador desempregado durante esta competição e um ativo apetecível no final da mesma caso se mostre em forma no Catar.