Subindo na classificação como o faz nas montanhas, João Almeida é 5.º da Vuelta que consagra Evenepoel
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A penúltima tirada da Vuelta, a última de montanha antes da jornada de consagração em Madrid, confirmou o triunfo na geral do jovem belga. O português ganhou uma posição na geral e, depois de um 4.º e um 6.º no Giro, volta a terminar perto do pódio de uma grande corrida por etapas
Ora, que um ciclista de 24 anos termine em 5.º numa grande volta em que não esteve na sua melhor forma talvez seja o melhor elogio que pode ser feito às qualidades de João Almeida. Durante anos e anos, Portugal suspirou por um corredor que estivesse perto dos melhores nas principais corridas por etapas e agora tem um que, dando a sensação de ter bem mais no seu corpo para dar, acaba em 5.º, isto depois de já ter isto 4.º no Giro em 2020 e 5.º na corsa rosa um ano depois.
Na etapa 20 da corrida espanhola, o caldense foi 9.º, a 17 segundos de Richard Carapaz. Carlos Rodríguez, que ocupava a 5.ª posição da geral, perdeu tempo, tal como era esperado pelas limitações físicas decorrentes de uma aparatosa queda há dois dias. Almeida aproveitou, ganhou 1,6 minutos ao espanhol e, assim, fecha a sua primeira participação na Vuelta bem perto do pódio, aquele objetivo que persegue para quebrar um jejum nacional que dura desde que, em 1979, Joaquim Agostinho foi 3.º na Volta a França.
João Almeida a carregar a elite da Vuelta: Ayuso, López, Evenepoel e Mas na sua roda
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A sensação foi que, ao longo da Vuelta, João Almeida foi subindo de forma e na classificação como o faz nas montanhas. A ritmo, pouco a pouco, sem ir nos esticões e repelões de outros mas sempre firme, combativo, anulando desvantagens.
Na etapa 20, com Enric Mas a ter de tentar recuperar os 2 minutos de desvantagem que tinha para Remco Evenepoel, a Movistar do espanhol prometeu movimentações. No entanto, as tímidas movimentações da equipa da casa mal arranharam o belga que, sólido, chegou sem problemas à meta no grupo dos favoritos.
Com a última jornada de consagração em Madrid à espreita, não restam dúvidas de que esta Vuelta será o do assumir definitivo do homem da Quickstep como fenómeno indiscutível das bicicletas mundiais.
Remco Evenpoel, de camisola vermelha de líder vestida, cerrando os dentes e indo sozinho montanha acima
Miguel Ángel López, o colombiano em 4.º na geral, tentou atacar a 3.ª posição de Ayuso, o jovem espanhol que leva os seus compatriotas a sonharem com um sucessor de Alberto Contador. A UAE-Emirates, de Ayuso e Almeida, defendeu-se a preceito, conseguindo colocar o corredor de ainda 19 anos no pódio.
Mais à frente, Richard Carapaz entrou na fuga do dia, inicialmente, para assegurar a classificação da montanha. Homem talhado para discutir as principais corridas do mundo — venceu o Giro em 2019 e foi 2.º este ano —, o equatoriano não teve capacidade para andar com os melhores nesta Vuelta, pelo que, na segunda metade da corrida, focou-se noutros objetivos.
Carapaz conseguiu os pontos de que precisava para garantir a camisola de rei dos trepadores. Pelo caminho, foi deixando os seus companheiros de escapada para trás, resistindo à perseguição dos homens da geral. Ergueu os braços pela terceira vez nesta Vuelta.
Rei da montanha, Carapaz celebra o triunfo na terceira etapa desta Vuelta
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Para João Almeida, continua o caminho da consistência e regularidade nas grandes voltas: 4.º no Giro 2020, 6.º no Giro 2021, desistência por covid-19 no Giro 2022, 5.º na Vuelta 2022. Desde 1974, quando Joaquim Agostinho foi 2.º, que nenhum português terminava tão acima na corrida espanhola.