Ténis

A terra batida é de Iga Swiatek, que vence Roland-Garros pela quarta vez

A terra batida é de Iga Swiatek, que vence Roland-Garros pela quarta vez
DIMITAR DILKOFF/Getty
A polaca esmagou (6-2 e 6-1) a italiana Jasmine Paolini na final do maior torneio de pó de tijolo. Com três títulos seguidos e quatro no total, a líder do ranking WTA aproxima-se das melhores de sempre em Paris
A terra batida é de Iga Swiatek, que vence Roland-Garros pela quarta vez

Pedro Barata

Jornalista

Podes derrotar o mito, mas não podes derrotar o legado. Podes derrotar o jogador, mas não derrotas a lenda.

Estamos em 2024 e Rafa Nadal já não faz de Roland-Garros uma ida anual a Paris para derrotar toda a gente e levar um troféu para casa. A idade pesa, as lesões minam o corpo, o tempo passa. Mas a estátua do espanhol no recinto está lá, imponente, lembrando-nos dos feitos do melhor de sempre em terra batida. E, como bom monarca absoluto, os seus descendentes também estão por lá, continuando o legado.

No lado masculino, Carlos Alcaraz está na final, pronto para prosseguir o romance entre espanhóis e o major francês. E, na parte feminina, há uma polaca que cresceu a admirar o tenista de Manocar, tendo-o como modelo a seguir, que ameaça tornar-se uma espécie de Nadal do WTA, numa ditadora de Roland-Garros.

Iga Swiatek venceu Roland-Garros em 2020, com 19 anos. Repetiu o feito em 2022 e 2023. E, novamente, em 2024. Contra a surpreendente Jasmine Paolini, que jamais superara a segunda ronda de Paris até esta edição, Iga Swiatek foi Iga Swiatek em terra batida, implacável, destruidora, fulminante. Vencedora, impondo-se amplamente por 6-2 e 6-1.

Numa tarde de sentido único, a líder do ranking WTA iguala os quatro títulos de Justine Henin no grande palco da terra batida. Na era Open, só Steffi Graf, com seis vitórias, e Chris Evert, vencedora de Roland-Garros por sete vezes, têm mais títulos no torneio parisiense. O triplo êxito seguido (2022, 2023 e 2024) de Iga iguala as sequências de Justine Henin (2005, 2006 e 2007) e Monica Seles (1990, 1991 e 1992). Para o ano, abrir-se-á a hipótese de um inédito tetra consecutivo.

Tim Goode/Getty

Embalada pelo excelente momento que vive, já com estreia nas 10 melhores da hierarquia garantida, a pequena Paolini, de 1,63 metros, até fez o primeiro break do encontro. Parecia ter energia infinita nas primeiras trocas de bola, chegando a todo o lado. Mas talvez esse bom arranque só tenha servido para espicaçar o monstro da terra batida que estava do outro lado.

Na reposta à quebra do seu saque, Swiatek também impôs um break à italiana, fazendo-o sem ceder qualquer ponto. E ali iniciaria uma marcha triunfal rumo ao triunfo, passando a encadear esquerdas paralelas, a aplicar o seu ténis de top spin e cadência, a ser um rolo compressor que diminui a dimensão competitiva de quem está do outro lado.

Paolini, que tem no sorriso a imagem de marca, mostrou essa face feliz nos minutos iniciais. Com o decorrer do encontro, foi deixando de o fazer.

Depois de Paolini ter chegado ao 2-1 no set inicial, Swiatek ativou o modo perfeição. Não oferecia pontos, não dava janelas de oportunidades, era uma assassina em cima do pó de tijolo. Foi do 2-1 para o 6-2 para ganhar o parcial inaugural.

Na segunda partida, o domínio de Iga transformou-se numa goleada, num trucidar da adversária. A final passou a ser um contra-relógio inevitável, viajando rumo ao único desfecho possível.

Swiatek chegou a ganhar 10 jogos seguidos. Do 1-2 para o 5-0. O melhor que Paolini — que ainda poderá sair de Paris com uma taça, pois disputará a final de pares ao lado da compatriota Sara Errani — fez foi evitar um segundo set a zeros, maquilhando um pouco a derrota. Quando serviu para o torneio, Iga confirmou o triunfo.

Tim Goode/Getty

Na final que falou polaco, língua na qual Paolini consegue comunicar por ter uma mãe polaca com sangue ganês, Swiatek esmagou, tal como esmagara nas rondas anteriores: 6-4 e 6-2 contra Bouzkova, 6-0 e 6-0 contra Potapova, 6-0 e 6-2 contra Vondrousova, 6-2 e 6-4 contra Gauff.

A exceção deu-se na segunda ronda, quando Osaka até teve um match point para eliminar Iga. A rainha da terra batida resistiu e fez do resto da competição um passeio.

Depois de ganhar os Masters 1.000 de Madrid e Roma, Swiatek fecha a temporada de terra batida com 19 vitórias seguidas. Em seis participações em Roland-Garros, leva já quatro títulos.

Festejou com garra, ajoelhando-se momentaneamente no chão, libertando a tensão com breves pulos no court. E despediu-se desta catedral do seu piso até daqui a algumas semanas, quando o torneio olímpico de ténis visitar este mesmo local. E não é preciso perguntar quem será a grande favorita ao ouro.

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