Nick Kyrgios, caótico e genial à vez, até ganhou o primeiro set da final de Wimbledon, a sua primeira final de um major, todo fardado de branco, algo improvável e obrigatório, batendo bolas espetaculares e que aparentavam uma facilidade mentirosa. Depois, o vento mudou. Sobretudo soprado pela mão direita e a mente de Novak Djokovic, que calibrou as pancadas e a estratégia, engolindo o rival australiano.
E aí, Kyrgios perdeu-se. Desatou num queixume quase incompreensível contra o que parecia ser a sua box e os seus, portanto, mas também contra o árbitro, Renaud Lichtenstein, e sobretudo contra uma adepta em particular. Pediu ao juiz da cadeira para a tirar da arena, à “senhora de vestido” que aparentava, dizia, ter bebido “700 bebidas”.
A adepta foi mesmo retirada do recinto, onde voltaria pouco tempo depois, mas diria mais tarde que estava a apoiar Nick Kyrgios. “Talvez eu tenha ido demasiado longe, peço desculpa por isso, mas tinha apenas boas intenções”, desabafaria Anna Palus. Em clima de bromance, Djokovic acabou mesmo por ganhar o torneio pela sétima vez, igualando Pete Sampras e William Renshaw. E Nick Kyrgios, que usou um boné vermelho na cerimónia de entrega dos troféus, foi multado e parecia estar despreocupado e pouco interessado em voltar a outra final, falando como se tivesse sido um castigo.

Julian Finney
Mas a história, que remonta a 10 de julho, não ficou por aí. Soube-se esta terça-feira que Anna Palus, a tal adepta que foi expulsa depois das queixas do australiano, vai avançar com uma ação judicial contra o tenista, conta o “The Guardian”. A advogada, que denuncia “uma acusação sem fundamento e imprudente” do atleta, doará para a caridade o que resultar do caso.
“Não só isto causou um dano considerável no dia, resultando na minha remoção temporária, como também a falsa alegação do senhor Kyrgios foi transmitida e lida por milhões à volta do mundo, causando-me a mim e à minha família danos e angústia substanciais”, pode ler-se num comunicado da adepta da última edição do torneio de Wimbledon, em Londres, que será representada pela firma Brett Wilson LLP.
Palus disse ainda que espera que Nick Kyrgos “reflita no mal” que lhe causou, a ela e à família (estaria acompanhada pela mãe naquela tarde de julho), aguardando ainda que este ofereça uma “resolução rápida”. Se não acontecer, esta entusiasta do ténis admite e ameaça avançar para tribunal.