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Os indonésios são “mimados” pelas ondas que têm. Rio Waida acabou com essa “preguiça” e já venceu dois campeões do mundo em Peniche

Nasceu em Bali, ilha da Indonésia onde tem “as melhores ondas do mundo” no quintal, o que ajuda a explicar que só em 2023 o país tenha visto o seu primeiro surfista a qualificar-se para o circuito mundial. Tem 23 anos, chama-se Rio Waida e conta à Tribuna Expresso como ainda se está a habituar ao frio do inverno europeu e a usar fatos grossos de neoprene que, em Peniche, já lhe deram pele para ganhar a John John Florence e Gabriel Medina

Diogo Pombo

Thiago Diz/World Surf League

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Atirar a Indonésia para uma conversa com surfistas ao barulho faz soar campainhas e se menção houver a Bali, uma das suas milhentas ilhas, os decibéis a entrarem ouvidos dentro vão acentuar o tumbalalão nos tímpanos. Bali é destino predileto para o surf, terra de ondas-mil a quebrarem perfeitamente alinhadas para todos os lados da ilha vulcânica e com o bónus de a água ser quente. Rio Waida está habituado a isso, a surfar de fato de banho ou a ocasional t-shirt para dar alguma proteção à pele, não a ter de proteger com um fato de neoprene contra mar frio, ventos frios e céus de cinzento rabugento, como o que Peniche congemina no domingo.

De costas largas por usar os braços como remos há tanto tempo, Rio Waida é dos últimos do dia a banhar-se. Quando sai do esquizofrénico estado de Supertubos, cheio de espuma a injetar bolhas de ar e instabilidade nas ondas, algumas furiosas para lá dos três metros e a fecharem a boca à pressa, precisa de tempo para se aquecer na cabine. “Estou a usar pela primeira vez na vida um 4/3”, revela, descalço e a rir-se, sobre a espessura nos milímetros mais associados ao inverno europeu dos fatos que tem vestido. Já agasalhado, pisa o tapete firme da estrutura do MEO Rip Curl Portugal Pro sorridente por ter vencido John John Florence, o três vezes campeão do mundo que freneticamente eliminou na segunda ronda.

Apesar de tão mexido, freneticamente a fazer-se a ondas e a cortá-las rapidamente, com clara preocupação nutrida pelo estilo das manobras, Rio ainda tem frio. “Mas já me estou a habituar, vim para cá há três semanas para treinar, o meu plano era esse e sinto-me mais confortável.” Tem-lhe corrido, é só olhar para a cara do indonésio, que desbarata facilmente um sorriso depois de ganhar ao havaiano, ao brasileiro Gabriel Medina, outro campeão mundial, e ao sul-africano Jordy Smith. “Amo competir contra eles porque só há uma resposta possível: tenho de ir com tudo, caso contrário vou perder. Tenho de puxar pelo meu nível. Sem dúvida que fico nervoso, mas é melhor assim”, salienta, recheado de positividade na voz.

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