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FC Porto

Taremi e Evanilson, sociedade de fornecimento de estabilidade

O FC Porto regressou aos triunfos, ao bater, por 3-0, o Desportivo de Chaves. Os dragões realizaram uma exibição frouxa, sem grande inspiração, mas golos da constante dupla de ataque formada pelo iraniano e pelo brasileiro abriram caminho à vitória da equipa de Sérgio Conceição

Pedro Barata

MANUEL FERNANDO ARAUJO/Lusa

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O FC Porto começou a temporada todo sorrisos. Com a dobradinha da época anterior ainda fresca na memória, a equipa ergueu a Supertaça, bateu o Sporting, demonstrou novas e frescas soluções para reagir às vendas do defeso.

Mas, subitamente, as últimas semanas trouxeram algum ruído ao Dragão. A inesperada derrota em Vila do Conde, a “revoltante” — palavras de Sérgio Conceição — partida em Madrid, o falatório em torno de Taremi, a lesão de Otávio. A estabilidade viu chegarem, como que do nada, pontos de interrogação.

Não obstante, todas essas questões se transformam em estabilidade se respondidas com golos, o maior seguro de vida mental que pode haver no futebol. E os campeões nacionais contam com duas certezas de golo na frente de ataque.

Na última época, Taremi fez 26 golos e deu 16 assistências, ao passo que Evanilson marcou 21 vezes e assistiu outras cinco. Em 2022/23, a dupla composta pelo brasileiro e o iraniano, nações tão distantes que aqui se juntam nos metros quadrados finais de campos de futebol, está apostada em manter a fasquia.

Frente ao Desportivo de Chaves, o FC Porto levou para jogo algumas das hesitações dos últimos tempos. O desgaste mental e físico de Madrid ou a baixa de Otávio, o “treinador-jogador” de Conceição, seriam as mais evidentes. No entanto, um golo de Taremi logo aos 3' evitou ansiedades, e um de Evanilson, assistido pelo iraniano, aos 70' impossibilitou que os visitantes continuassem a acreditar no empate. André Franco, aos 82', fixou o 3-0 final

Taremi cabeceia para o 1-0

Taremi cabeceia para o 1-0

DeFodi Images/Getty

O encontro começou e, menos de três minutos depois, já os locais tinha marcado. João Mário, de regresso ao onze, fugiu pela direita e cruzou com qualidade. A agressividade no ataque à bola de Toni Martínez fê-lo cabecear primeiro, ainda que Steven Vitória tivesse conseguido cortar o remate. O ressalto foi parar a Taremi, que chegou aos seis golos em oito jogos na temporada.

A vantagem madrugadora talvez tenha acomodado os campeões nacionais, que apresentaram um futebol algo lento e previsível no primeiro tempo. Galeno, em duas ocasiões, deu os seus típicos abanões na partida e ameaçou a baliza flaviense, mas o jogo ofensivo dos dragões teve pouca continuidade.

Ao minuto 25, o Dragão lembrou-se de um ausente de peso, cantando o nome de Otávio como homenagem pelo número da camisola que o internacional português veste. No relvado, Conceição pensaria que a agressividade do médio estava a fazer falta.

Com João Mário a revelar as já conhecidas fragilidades defensivas e sendo superado três vezes por Juninho no primeiro tempo, o Chaves chegou com perigo perto de Diogo Costa nalgumas ocasiões. Por duas vezes Héctor foi servido com qualidade por João Correia mas não rematou bem.

Perto do final do primeiro tempo, o duelo entrou numa zona de conflitos, protestos, amarelos a elementos do banco do FC Porto. Muito ruído, pouco jogo. Antes da ordem para o descanso, João Teixeira rematou muito perto do poste direito de Diogo Costa, evidenciando a ameaça dos visitantes para a etapa complementar.

DeFodi Images/Getty

A formação recém-ascendida veio para a segunda parte com bola, procurando ligar jogo com qualidade. João Correia mostrava a sua agressividade pela direita, João Teixeira pautava as posses pelo centro.

No entanto, o grande pecado dos visitantes foi alguma falta de agressividade ofensiva, ou de capacidade para, no segundo tempo, criar situações de remate. Diogo Costa só teve de fazer uma parada e, mesmo com o FC Porto em modo gestão, eram os dragões a criar mais perigo.

Toni Martínez, num contra-ataque, desperdiçou uma boa chance de dobrar a vantagem. Aos 60', Sérgio Conceição colocou André Franco e Evanilson, e seria essa dupla que selaria o 3-0 final.

Aos 70', quando o Chaves até tinha mais iniciativa e, mesmo não criando perigo, fazia pairar algum nervosismo no ar, Luther Singh fez um passe que terá sido demasiado curto. No entanto, Steven Vitória preferiu esperar pela bola do que atacá-la. Taremi não teve a mesma passividade e, no momento certo, ofereceu o 2-0 a Evanilson.

O golo do brasileiro retirou quaisquer dúvidas sobre o vencedor final. Aos 82', após uma má abordagem de Paulo Vitor, André Franco estreou-se a marcar pelo FC Porto. Sérgio Conceição ainda daria minutos a Rodrigo Conceição e Gonçalo Borges, minutos para alternativas dentro do plantel em época de grande concentração de partidas. Entre duelos europeus, Evanilson e Taremi encarregam-se pessoalmente das operações de mudança de chip.