Quando Lionel Messi entrou em campo, o sol acariciava-lhe a barba ruiva. Dizia adeus como dizem os reis. Parecia estar num qualquer mundo paralelo, em que todos olham para ele, embora e lamentavelmente (para os românticos) mantenha o espírito coletivo e, por isso, não é possível ouvir na cabeça uma voz a cantar o “life is life” que imortalizou Diego em Munique. Leo aquecia como aquecem os magos que jogam nas peladinhas de amigos, sem dar nas vistas, sem atraírem nada para eles. No outro meio-campo, quem sabe a esforçarem-se demasiado para meter os motores a trabalhar, se isso é possível, estavam os futebolistas da Arábia Saudita, que contavam com a coragem que só o anonimato garante, empurrados pelo tal rugido que engoliu a Argentina inteira.
Depois do intervalo, após um primeiro tempo em que os sul-americanos meteram quatro vezes a bola na baliza alheia (contou apenas uma), os sauditas entraram com a alma renovada. As palavras de Hervé Renard, uma espécie de Paul Newman do futebol, talvez tenham ajudado.