Dois anos depois do caso nos Jogos Olímpicos de Inverno, patinadora Kamila Valieva desclassificada e banida por quatro anos por doping
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Atleta, então com 15 anos, acusou substância proibida antes dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2022, onde prometia ser a grande estrela. Medalha de ouro da prova por equipas foi agora retirada à seleção russa e Valieva está impedida de competir até dezembro de 2025
Kamila Valieva, a jovem russa agora de 17 anos, mas que aos 15 se transformou, em poucos dias, de coqueluche em vilã nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, conheceu finalmente, dois anos depois do evento, a decisão do Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) sobre o caso de doping que abalou a prova onde a atleta prometia quebrar todos os recordes da patinagem no gelo, ela que na capital chinesa se tornou na primeira patinadora a aterrar um salto quádruplo em Jogos Olímpicos.
A russa e os colegas de seleção vão perder a medalha de ouro conquistada na prova por equipas e Valieva recebeu ainda uma sanção de quatro anos de suspensão, depois de um controlo antidoping ter encontrado trimetazidina no sangue da jovem. O exame havia sido realizado em dezembro de 2021, numa prova na Rússia, mas o resultado foi conhecido apenas algumas horas depois da prova por equipas dos Jogos Olímpicos, já em fevereiro de 2022.
A trimetazidina é utilizada no tratamento de angina peitoral e está banida desde 2014. Valieva alegou que o positivo poderia ser resultado de uma possível contaminação por talheres partilhados entre a atleta e o avô, que tomaria o remédio. O TAS não foi sensível à argumentação, seguindo a recomendação da Agência Mundial Antidopagem, que pediu que Valieva fosse banida por um período de quatro anos, a contar a partir da data do teste positivo, uma sanção que terminará em dezembro de 2025.
Nos Jogos Olímpicos de Inverno, Kamila Valieva teve o OK do TAS para participar na prova individual, já que a investigação ao caso de doping, que nunca foi sancionado pelos tribunais russos, ainda não havia terminado.
Apesar de ser favorita ao título individual, e já depois de terminar o programa curto em primeiro lugar, Valieva falhou rotunda e inesperadamente no programa livre, com vários erros e quedas incaracterísticos, talvez fruto da intensa pressão a que foi sujeita nesses longos dias em Pequim. Terminaria em 4.º lugar na prova individual, evitando o embaraço à organização, já que se Valieva ficasse no pódio, não poderia haver lugar a distribuição de medalhas.