As maravilhas do futebol, digam o que disseram, brotam na incerteza. Há assim não muito tempo e durante uma eternidade, o título de campeão nacional parecia pertencer moralmente e por promessa divina ao Benfica. O futebol dos rapazes de Roger Schmidt, sim senhor, foi de alto gabarito durante uma boa parte da temporada e os 10 pontos de vantagem para o perseguidor comprovavam-no. Mas tudo mudou. Meteram-se as dignidades e qualidades de FC Porto, Inter de Milão e Desportivo de Chaves. E as botas daqueles a quem prometeram a imortalidade descalibraram-se, as dúvidas morderam o sangue.
Apesar de tudo e de todas as mutações, a narrativa era e mantém-se excelente. O FC Porto, desmedido e voraz competidor, continuou a pedalar mesmo longe do líder. Depois, foi fantasma, como tantas vezes o foi na história deste desporto, e ganhou na Luz. Seguiram-se os questionamentos, entretanto arquivados. Os jogadores do Benfica acertaram o passo e ganharam os jogos com Estoril, Gil Vicente, SC Braga e Portimonense. Relançados e focados, devolvido o orgulho às carnes que beijam os ossos, os benfiquistas tiveram a oportunidade de serem campeões na penúltima jornada no Estádio José Alvalade contra o grande rival da cidade. A soberba primeira parte do Sporting, levado ao colo por um excelso Manuel Ugarte, culminou num 2-0 inquestionável (quem sabe curto) para os leões, fazendo das conversas de festa um mero rumor. Outra vez, João Neves e companhia encontraram-se e corrigiram aquela promessa de desilusão, empatando quase no último suspiro do dérbi.