O ataque a um árbitro na Turquia congelou o futebol naquele país. Halil Umut Meler foi socado e pontapeado por algumas pessoas e também por Faruk Koca, o presidente do Ankaragücü, que depois apresentou a demissão e, admitindo vergonha, pediu desculpa. O Presidente do país, Recep Erdogan, reagiu ao caso e avisou: “O desporto é incompatível com a violência”.
O porventura mais especial e carismático árbitro das últimas largas décadas, Pierluigi Collina, o presidente do Comité de Árbitros da FIFA, garante que o ataque “horrível” ao árbitro turco é um sintoma do “cancro” que está a afetar a modalidade.
“Ainda mais horrível é saber que há milhares de árbitros pelo mundo fora que são verbal e fisicamente abusados nas divisões inferiores”, sinalizou. “Eles são desconhecidos. E a maioria deles são jovens árbitros no início das suas carreiras. Um árbitro não pode ser agredido por causa de uma decisão, mesmo que esteja errada. Não podem fazer explodir o carro dele ou pegar-lhe fogo por causa de um penálti.” Collina, o senhor que abria os olhos até ao infinito quando os jogadores inauguravam o queixume habitual, pede uma reação daqueles que gostam de futebol. “Antes que seja tarde demais, porque este cancro vai matar o futebol.”
O diretor da formação de árbitros da Super Lig da Turquia, Hugh Dallas, defendeu nas últimas horas que o futebol não pode continuar a colocar “em risco a vida” dos árbitros. Dallas estava no estádio onde decorreu o incidente que tem marcado a atualidade no futebol europeu e garantiu que “nunca tinha visto um árbitro ao mais alto nível a ser agredido assim”, admitiu à BBC. O Caykur Rizespor empatou o jogo contra o Ankaragücü aos 97 minutos. As agressões deram-se a seguir e Koka, o presidente do clube, e outras duas pessoas foram detidos, informou pouco depois o ministro da Justiça do país.
“Penso que muitos presidentes de clubes, jornalistas e outros vão olhar para eles próprios e perceber que, quando se dá gás à massiva histeria contra os árbitros, é este o resultado”, refletiu Dallas.
Howard Webb, o responsável pelos árbitros em Inglaterra, lembrou o óbvio: “Não há jogos sem árbitros. Como todos os participantes, eles têm de ser valorizados e respeitados pelo bem do jogo”.
A Liga turca e os restantes campeonatos do país estão suspensos “indefinidamente” devido à agressão a Halil Umut Meler.
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