Futebol internacional

Presidente do Ankaragücü, que agrediu um árbitro na Turquia, foi detido e demite-se: “Sinto-me muito envergonhado”

Presidente do Ankaragücü, que agrediu um árbitro na Turquia, foi detido e demite-se: “Sinto-me muito envergonhado”
Anadolu

Depois de dizer que a agressão ao árbitro Halil Umut Meler durante um jogo da liga turca havia sido causada “pelas decisões erradas” do juiz, Faruk Koca voltou atrás e através de um comunicado pediu desculpas pelos seus atos. Ficará agora em prisão preventiva

As imagens arrepiam. O encontro entre o Ankaragücü, clube da capital da Turquia, e o Rizespor acabava de terminar, com o resultado a mostrar uma igualdade a um golo. O empate do Rizespor havia sido há momentos: o argentino Adolfo Gaich marcou aos 90’+7. O que terá despertado a ira de Faruk Koca, presidente do Ankaragücü, que entrou disparado em campo, acertando com um soco na cara do árbitro internacional Halil Umut Meler, que caiu desamparado no chão, onde continuou a ser agredido com violência.

Num país onde a violência no futebol não é exatamente uma novidade, o caso alertou para uma escalada que tem de ser travada. O campeonato foi suspenso “indefinidamente” e Meler recebeu mesmo uma mensagem pessoal no hospital de Recep Tayyip Erdogan, que publicamente condenou as agressões ao árbitro, sublinhando que “desporto significa paz e amizade”.

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“O desporto é incompatível com a violência. Não permitiremos que a violência aconteça no desporto turco”, escreveu o presidente do país nas redes sociais. Antigo deputado entre 2002 e 2022, Faruk Koca é membro do AKP, partido de Erdogan, que terá já iniciado um processo disciplinar com vista à sua expulsão.

O presidente do Ankaragücü foi, entretanto, detido, com um tribunal turco a decretar prisão preventiva ao dirigente, que inicialmente desvalorizou o caso, frisando, no momento da detenção, que o soco que deu “não causaria uma fratura” e que o incidente havia sido “causado pelas decisões erradas do árbitro”.

Mais tarde, emendaria a mão, com o seu advogado a ler um comunicado em frente à prisão onde se encontra detido marcado por um tom bem diferente, em que anunciou também a demissão enquanto presidente do Ankaragücü.

“Peço desculpa ao senhor Meler e à sua família, à comunidade dos árbitros turcos, aos adeptos do desporto em geral e ao nosso país pela atitude contra Halil Umut Meler. Como e porque motivo se chegou a este ponto é indiferente. Independentemente da injustiça, nada legitima ou explica o ato de violência que cometi”, pode ler-se no comunicado que foi divulgado aos jornalistas presentes no local.

“Os campos de futebol devem ser palco de uma competição de cavalheiros e qualquer atitude que ensombre o fair-play não pode existir nos estádios. Como alguém que, desde que assumiu a presidência do Ankaragücü, sempre se pautou por iniciativas construtivas, sinto-me muito envergonhado por ter criar um ambiente que é precisamente o oposto”, diz ainda Faruk Koca.

A saída de cena é uma forma de tentar “evitar maiores danos” ao clube que se viu nas páginas de todos os jornais internacionais pelas piores razões, com Koca a dizer que espera que “os problemas estruturais do futebol turco sejam discutidos de forma mais realista” após o grave incidente que causou, deixando novo pedido de desculpas, nomeadamente aos adeptos do Ankaragücü.

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