Numa enxurrada de mensagens de apoio a Vinícius Jr. depois dos acontecimentos terríveis no Mestalla, em que, mais uma vez, o jogador brasileiro foi alvo de ataques racistas por parte do público, uma exceção. E uma exceção de peso: em resposta a um tweet em que o extremo denunciava a situação e criticava a ação tíbia da La Liga, o presidente da liga espanhola, Javier Tebas, não só não o apoiou como acusou o jogador de “criticar e injuriar a La Liga”.
“Já que quem te deveria explicar não te explica o que é e o que pode fazer a La Liga em casos de racismo, tentámos explicar-te nós, mas não te apresentaste em nenhuma das reuniões que tu próprio solicitaste", escreveu ainda Tebas, aconselhando o jovem a informar-se “adequadamente”, a não se deixar “manipular” e a tentar entender bem “as competências de cada um”.
Pedidos de desculpa, nem um. Lamento pela situação vivida pelo jogador, menos ainda. E depois de Vinícius Jr. retorquir dizendo que, omitindo a situação, Tebas igualava-se a racistas, o presidente da La Liga voltou à carga, frisando que o organismo denunciou todos os casos de racismo registados esta temporada e que Espanha não é um país racista. Pedidos de desculpa continuaram guardados.
Até esta quarta-feira. Três dias depois do Valencia - Real Madrid e já depois da federação espanhola ter retirado o cartão vermelho recebido pelo jogador na sequência dos ataques dos adeptos rivais, Javier Tebas deu uma entrevista à ESPN brasileira, em que frisou que não queria atacar Vinícius Jr. com as suas intervenções.
“Digo sempre à minha equipa: quando uma parte importante das pessoas entende a mensagem de uma determinada forma, é porque têm razão. E por isso tenho de me arrepender”, começou por dizer o responsável da liga espanhola, sublinhando que “a mensagem e a intenção, sobretudo no Brasil, não foi entendida”.
“Eu não pretendo atacar o Vinícius, mas se foi assim que se entendeu no Brasil tenho de pedir desculpa. Expressei-me mal, ou não foi o momento ou não o devia ter feito, mas não queria atacar o Vinícius”, continuou Tebas, apontando que ficou surpreendido com as palavras do jogador porque ainda há um mês o brasileiro tinha participado num vídeo em que apoiava “as ações da La Liga”.
“Se magoei alguém ou se pensam que sou racista, isso está muito longe da realidade”, frisou: “Como disse antes, denunciámos pessoas porque não queremos racismo no futebol. E mais: não queremos racismo com um jogador que vai ser, que é, um craque mundial, que é o Vinícius”.
Tebas usou ainda a antena da ESPN para reforçar que a La Liga chegou a fazer “ações especiais” em específico nos jogos dos brasileiros e que foram dadas indicações aos clubes para que houvesse mais segurança e que se identificassem adeptos transgressores. “A La Liga cuida de Vinícius”, assegurou.