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“Eu tive sorte, é só isso”: uma entrevista a Lee Casciaro, o polícia de Gibraltar que superou Zlatan e Dino Zoff no trono da longevidade

Com quase 41 anos e meio, Lee Casciaro tornou-se no futebolista mais velho a disputar um jogo de qualificação para o Campeonato da Europa. Em conversa com a Tribuna Expresso, este funcionário do Ministério da Defesa de Gibraltar revela com um realismo assombroso, depois de jogar contra os Países Baixos, que o futebol não passa de um segundo trabalho e lembrou a tarde mais importante da sua vida. Sobre o que vem aí, porventura um desencontro com a finitude, revelou o farol: “Um colega disse-me outro dia que havia um japonês na II Divisão portuguesa com 56 anos…"

Hugo Tavares da Silva

Dean Mouhtaropoulos

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A tecnologia fez o que é suposto a tecnologia fazer e lá apareceu do outro lado Lee Casciaro. Sem camisola, exibia a carapaça policial para alguns raios de sol que abençoavam naquela altura qualquer cidadão de Gibraltar. O cabelo estava impecável e o rosto revelava um cansaço ou dois. Acabava de chegar de viagem, talvez por isso uma das filhas estava eufórica e ganhava na competição da feitura de decibéis. Este futebolista, que também é polícia no Ministério da Defesa, anda às turras com Zlatan Ibrahimovic na contenda para jogador mais velho a disputar uma qualificação para Campeonato da Europa. O recorde, quase velhinho, pertencia ao eterno Dino Zoff, que disse adeus à seleção italiana em 29 de maio de 1983, quando os campeões do mundo perderam em Gotemburgo com Stromberg, Ravelli e companhia.

Como jogou contra os Países Baixos e Zlatan não foi utilizado contra o Azerbaijão, Casciaro manteve o trono da imortalidade, com quase 41 anos e meio. Mas a conversa nem começou por aí: é que ouvimos dizer que ele era o Totti de Gibraltar. É assim? Ele riu-se. “Sempre joguei pelo mesmo clube, o Lincoln. Joguei tantos anos como o Totti pela Roma…”. Ao recorde deu pouca importância. “Só fiquei a saber quando saiu na imprensa”, garante. “Sabia que sou um jogador velho e que não há muitos jogadores de campo velhos, normalmente são guarda-redes. É uma coisa difícil. Tive sorte de continuar e representar Gibraltar.” Apesar dos feitos extraordinários ao longo da vida, a humildade é admirável. É um homem normal, mesmo atirando frases assim: “Não quero muito saber disso. Tenho 57 troféus na minha carreira, acho que ganhei a Liga de Gibraltar 20 vezes”.

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  • A bazófia de Zlatan, o jogador que é o passado, o presente e o futuro
    Futebol internacional

    Aos 41 anos e uma semana depois de ser o mais velho de sempre a marcar na Serie A, o sueco tornou-se, na sexta-feira, o futebolista com mais idade a jogar em qualificações para o Campeonato da Europa (mas apenas por uns 10 minutos). Muito seguro de si e ainda com as suas tiradas de fanfarronice, Ibrahimovic “ainda é capaz de coisas incríveis”, diz Anders Andersson, ex-médio do Benfica que jogou com o avançado e o vê como “alguém a colocar em campo quando é preciso marcar golos”