Fórmula 1

Eis que o inevitável se cumpriu: Max Verstappen é tricampeão do mundo de Fórmula 1

Eis que o inevitável se cumpriu: Max Verstappen é tricampeão do mundo de Fórmula 1
Mark Thompson/Getty
O neerlandês da Red Bull foi segundo na corrida de sprint do GP Catar (ganha por Oscar Piastri), tornando-se no primeiro piloto da história a conquistar o título após uma prova neste formato. Quando ainda faltam, além da ação de domingo neste grande prémio, mais cinco provas, Verstappen consolida a sua hegemonia na Fórmula 1
Eis que o inevitável se cumpriu: Max Verstappen é tricampeão do mundo de Fórmula 1

Pedro Barata

Jornalista

Sem grandes alaridos nem excentricidades, quase com uma certeza burocrática e impossível de contornar, Max Verstappen tornou-se numa das grandes constantes do desporto mundial. O cosmos vai andando, as noites sucedem-se aos dias, um neerlandês lidera um pelotão de carros, isolado na frente, uma versão do sozinho em casa a 300 quilómetros por hora.

Dentro desta rotina, deste passeio rotineiramente extraordinário, juntar o título de campeão do mundo de Fórmula 1 de 2023 às conquistas de 2022 e 2021 foi, praticamente desde a madrugada da época, um facto incontornável à espera de se cumprir. Na corrida sprint do GP Catar, no 17.º dos 22 fins-de-semana de competição, eis o inevitável diante dos nossos olhos.

Max Verstappen terminou em terceiro na versão reduzida da corrida do Catar, feita para dar mais espetáculo e emoção imediatos. O neerlandês só precisava de ser sexto para garantir matematicamente o que há muito sabíamos. Com esta conjugação de resultados — e o companheiro Sergio Pérez, o segundo classificado do Mundial, até abandonou —, Verstappen é tricampeão do mundo de Fórmula 1.

Nunca na história um piloto conseguira selar a conquista do lugar mais desejado do desporto motorizado na sequência de uma corrida sprint. No Catar, Oscar Piastri, da McLaren, ganhou, Verstappen foi segundo e Norris, também da McLaren, fechou o pódio na antecâmara da ação que ainda se seguirá no domingo.

ANP/Getty

Verstappen foi o pináculo da regularidade ao longo de toda a temporada. Vencedor de 13 de 16 corridas até aqui, ocupante do pódio em todos os circuitos de 2023, à exceção de Singapura.

“Aconteça sábado, domingo ou na semana seguinte, sei que acontecerá. Não é algo em que esteja a pensar demasiado”, as palavras do homem dos Países Baixos antes deste match point evidenciam a frieza burocrática, o cérebro quase mecânico de alguém que se habituou a não falhar.

Sensivelmente a meio do sprint, a realização focou, subitamente, um Red Bull fora de pista. Durante um instante, pensou-se que poderia ser Max, numa inesperada mudança de guião. Mas essas coisas parecem não acontecer ao neerlandês, alheio aos caprichos dos deuses da fortuna. Era Sergio Pérez a sair de cena, não o tricampeão.

Pelo caminho, Verstappen acumulou recordes com uma naturalidade assombrosa. Ganhou 10 corridas seguidas, transformou domingos em procissões a solo. O piloto de Hasselt igualou o feito do britânico Nigel Mansell, em 1992, ao selar o triunfo no Mundial a cinco provas do fecho. Fica apenas atrás de Schumacher, que em 2002 conquistou o seu sétimo título a seis rondas do fim.

Com este tricampeonato, Verstappen iguala os registos dos brasileiros Ayrton Senna e Nelson Piquet, do austríaco Niki Lauda, do britânico Jackie Stewart e do australiano Jack Brabham. Acima estão Sebastian Vettel e Alain Prost (quatro), Juan Manuel Fangio (cinco) e Lewis Hamilton e Michael Schumacher (sete). O futuro ditará se a Fórmula 1 continuará a ser o parque privado dos passeios de um neerlandês rumo à coroação.

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