As mil e uma penalizações que fizeram com que, pela primeira vez na história, só um piloto (Charles Leclerc, dono da pole position) arrancasse da posição que obteve na qualificação poderiam levar a pensar num GP Itália com um guião algo confuso ou inesperado; o abandono de Ricciardo, a escassas cinco voltas do fim, poderia fazer com que, depois da presença do safety car, houvesse um reagrupar do pelotão que possibilitasse um último ataque de Charles Leclerc; a maré vermelha de tiffosi da Ferrari poderia dar à escuderia italiana um empurrão rumo a um triunfo caseiro.
Mas estamos na F1 em 2022, e este é o palco de domínio de Max Verstappen. Se algum destes factores poderia levar a que a corrida corresse mal para o neerlandês, nenhum deles o fez, porque o homem da Red Bull tem a sua própria lei, contrária à de Murphy: como se pode ler na cobertura ao minuto que o The Guardian fez da prova, é a lei de Verstappen, onde tudo o que pode correr bem, vai correr bem.
Em Monza, templo da velocidade, Max cruzou a bandeira de xadrez em primeiro pela quinta corrida consecutiva. Foi a sua 11.ª vitória em 16 grande prémios de 2022, aumentando ainda mais a distância para Charles Leclerc. O neerlandês tem 335 pontos, o homem da Ferrari 219. O bicampeonato é, somente, uma questão de tempo.
A reorganização da grelha pelas penalizações levou a que vários dos pilotos mais rápidos tivessem de, nas primeiras voltas, fazer ultrapassagem atrás de ultrapassagem. Verstappen partiu de sétimo, mas pouco tempo depois já era segundo, Sainz arrancou de 18.º, mas à volta 15 já era quarto.
Leclerc fez a primeira paragem nas boxes cedo, permitindo que o líder do campeonato assumisse a liderança, que voltou para o monegasco depois da paragem de Max na volta 25. O neerlandês regresso à pista a 10 segundos de Leclerc mas, com pneus mais frescos e o seu veloz andamento, foi reduzindo a distância.
Na volta 34, uma paragem do monegasco da equipa da casa deu a Verstappen a liderança que já não perderia. Tudo parecia resolvido até que, na volta 48, Ricciardo teve de abandonar.
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Mal o safety car foi declarado, os tiffosi rugiram de alegria. Pensava-se num reagrupar do pelotão e numa ou duas voltas finais com Leclerc em cima de Verstappen, tentando um triunfo que mitigasse a tristeza pela distância pontual na luta pelo título.
Só que o tempo foi passando, o carro do australiano não era rebocado e começou-se a perceber que a emoção desejada daria lugar a um desfecho anti-climático. Foi atrás do safety car, em tranquila procissão, que o lendário Giacomo Agostini acenou com a bandeira de xadrez.
“C'mon, está limpo”, foi a frustrada reação de Leclerc pela rádio quando soube do desfecho. O público vaiou, mas Verstappen, indiferente, celebrou, assinalando, no final, a “grande corrida” que a sua equipa fez e o triunfo que “finalmente” conseguiu em Monza.
Russell foi terceiro, na sexta vez que ocupa o lugar mais baixo do pódio na temporada. Em nono ficou Nyck de Vries, que substituiu Albon na Williams devido a uma apendicite deste. A prestação do neerlandês na corrida de estreia valeu-lhe o prémio de piloto do dia.