Há uma diversidade de pensamento evidente entre os treinadores das principais equipas portuguesas. Schmidt mantém as bases de pressão alta e verticalidade, mas acrescentou uma dose de pausa e controlo a um modelo de jogo que amadureceu em comparação com o que víamos há uns anos. Rúben Amorim, neste início de carreira, manifesta-se como adepto do sistema único, mesmo alterando o perfil de determinadas posições consoante as necessidades. Não quer retirar as referências à equipa, admite publicamente vezes sem conta. Sérgio Conceição destaca-se pela flexibilidade tática e capacidade de adaptação ao contexto. Dentro da realidade Porto, respondendo às constantes perdas de jogadores nucleares. E quase sempre competindo contra adversários mais ricos através de um plano estratégico coerente.
Tivemos um novo exemplo na partida do Giuseppe Meazza. O treinador azul e branco admitiu que lhe dava um gosto especial preparar este tipo de jogos, tendo os melhores pela frente. Nota-se o investimento. A leitura dos pontos fortes do Inter levou ao reconhecimento da influência de Çalhanoglu, transformado por Inzaghi num “regista” à frente da defesa. Assim sendo, e com o regresso de Otávio, Conceição apresentou um desenho de pressão em 4-2-3-1, dando ao internacional português um trabalho específico para anular o turco. Com isso, o Porto conseguiu recuperar várias bolas em zonas altas e impediu que os nerazzurri saíssem de trás com facilidade. O médio de 29 anos não deixou de fazer uma partida excelente – é um regalo vê-lo jogar -, mas teve menos peso do que seria desejável na perspetiva italiana.
Conceição, o camaleão
Apesar da magra derrota para a Champions no Giuzeppe Meazza, o treinador do FC Porto demonstrou, mais uma vez, como monta uma equipa para competir sem exceções e seja qual for o resultado. Tomás da Cunha escreve acerca da capacidade de Sérgio Conceição em diminuir o adversário e maximizar as virtudes dos seus jogadores
24.02.2023 às 8h30

MARCO BERTORELLO/Getty
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