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Crónica

Kyrgios, o sublime rufia

O escritor Bruno Vieira Amaral discorre sobre um dos acontecimentos desportivos do fim de semana: a batalha de nervos entre Nick Kyrgios, o incorrigível australiano, e Stefanos Tsitsipas na relva de Wimbledon e de como o "bad boy" Kyrgios ganhou a batalha mental ao grego, manobrando-o "como se estivesse a controlá-lo com um comando de Playstation"

No final do jogo, Stefanos Tsistsipas, com os seus cabelos de deus grego e feitio de harpia, não conseguia ocultar os sentimentos de raiva e frustração: “Ele é um rufia. Na escola devia ser um rufia. E eu não gosto de rufias, não gosto de quem manda os outros abaixo.” Referia-se a Nick Kyrgios, o australiano que o acabara de eliminar do torneio de Wimbledon depois daquilo a que os ingleses chamam um “ill-tempered affair”, um jogo com as emoções à flor da pele, golpes baixos, bolas contra o corpo do adversário, um clima de artes marciais mistas no templo do desportivismo e das vestes brancas.

Kyrgios, o “bad boy” por excelência, o adolescente de espírito que usa o talento como desculpa para o que não faz com o talento que tem, fez o que John McEnroe fazia (veja-se o documentário “O Domínio da Perfeição”): simular um descontrolo emocional que acaba por descontrolar emocionalmente o adversário. Tsitsipas não é flor que se cheire. Porta-se muitas vezes como um menino mimado (até já levou ralhetes da mãe durante uma competição) e apesar de ser um jogador mais regular e constante do que o australiano, é possível que este leve alguma vantagem no talento puro.

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