Tal como o fizera nos últimos anos pares, em 2020 e 2022, o belga ganhou a Volta ao Algarve, igualando os três triunfos de Belmiro Silva. Na última etapa, na chegada ao Alto do Malhão, Daniel Felipe Martínez foi o mais rápido, com o segundo lugar de Evenepoel a permitir-lhe manter a amarela que vestira no contra-relógio da véspera
Foi um Remco Evenepoel menos Remco Evenepoel aquele que vimos na Volta ao Algarve. Não tão explosivo e audaz, não tão atacante e letal, mas igualmente eficaz. Talvez passe, também, por aqui o crescimento do fenómeno belga: ganhar mesmo quando não dá tanto espetáculo, vencer mesmo quando não consegue aquelas cavalgadas em solitário que são tão do agrado da antiga promessa do futebol do seu país.
Tal como fizera em 2020 e 2022, o líder da Soudal-Quick Step ganhou a Volta ao Algarve, um hat-trick de vitórias que o coloca a par de Belmiro Silva como os maiores campeões da corrida. O português obteve as suas conquistas em 1977, 1981 e 1984.
Na última etapa, na chegada ao Alto do Malhão, Evenepoel consolidou a ideia de que, nesta fase da temporada, não podemos, ainda, esperar um belga a todo o gás. Tal como na terceira tirada, no Alto da Fóia, Remco foi mais conservador, deixando o papel de triunfador nas montanhas para o vencedor de 2023.
Daniel Felipe Martínez, o colombiano da Bora, foi o melhor no Malhão como já fora na Fóia. Evenepoel chegou em segundo, mantendo, confortavelmente, a vantagem que ganhara no contra-relógio da quarta tirada, em Albufeira.
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Para Martínez, este duplo êxito numa Volta em que terminou, na geral, a 43 segundos de Evenepoel permite ganhar estatuto dentro da Bora. No final de 2023, o colombiano trocou a INEOS pela Bora, na esperança de ter mais oportunidades para liderar uma equipa do World Tour, mas a chegada de Primoz Roglic pode ter-lhe complicado os planos. Seja como for, a forma mostrada na Algarvia é um aviso interno e externo.
Depois do contra-relógio em que Evenepoel foi muito superior à concorrência, a última etapa serviu para confirmar o triunfo do homem que, em 2024, deseja estrear-se no Tour. O terceiro lugar da Volta ao Algarve foi para o esloveno Jan Tratnik, da Visma-Lease a Bike.
Para Portugal, a corrida foi mais uma oportunidade para ver o jovem António Morgado andar entre um pelotão de elevado nível. Aos 20 anos, o caldense está na primeira temporada na UAE-Emirates, a equipa de João Almeida, com quem regularmente treina nos arredores do Montejunto.
No Malhão, Morgado foi 10.º, a 24 segundos de Martínez. Terminou a competição no 10.º lugar da geral, levando para casa a classificação da juventude. Um bom arranque de 2024 para uma grande promessa do ciclismo.