Chegar, ver e vencer. Foi assim que Rúben Guerreiro entrou na Movistar, a equipa espanhola pela qual começou a correr em 2023, depois de sair da Education First. O português, de 28 anos, conquistou a classificação geral final do Saudi Tour, confirmando o triunfo após a quinta etapa da prova.
O ‘cowboy de Pegões’ teve uma jornada de glória na quarta tirada, vencendo a etapa rainha ao impor as suas características de trepador. No derradeiro dia da Volta à Arábia Saudita, o vento e algumas zonas não asfaltadas, com troços de areia, eram as principais dificuldades de um percurso sem grandes ascensões.
Sempre bem protegido pela Movistar e com uma colocação atenta no pelotão, Guerreiro chegou sem problemas ao final. O português acabou em 16.º, integrado no grupo que discutiu, ao sprint, a etapa, terminando com o mesmo tempo de Simone Consonni, italiano da Cofidis, o mais rápido na meta.
Rúben Guerreiro começa, assim, a justificar a aposta que a Movistar fez em si. A chegada à equipa espanhola esteve muito relacionada com o desejo de ter mais protagonismo e ganhar logo na estreia com a nova camisola consolida o estatuto do português dentro do conjunto liderado por Eusebio Unzué.
Para a Movistar, começar com esta alegria pode dar, também, o mote para evitar as angústias de 2022. Na época passada, os espanhóis, históricos do pelotão internacional, estiveram até à parte final da temporada em real risco de serem despromovidos do World Tour, a primeira divisão do ciclismo, acabando por evitar essa queda. Guerreiro contribui, com os pontos somados neste Saudi Tour, para começar a construir uma campanha mais tranquila.
Alex Broadway/Getty
Ao cruzar a meta atrás de Consonni, Rúben Guerreiro, vestido do verde que simboliza o líder da corrida, ergueu o braço em triunfo. Depois de se sagrar campeão nacional de fundo em 2017, ganhar a nona etapa do Giro 2020, quando foi o rei da montanha, impor-se no Mont Ventoux Dénivelé Challenge em 2022 e vencer a quarta tirada deste Saudi Tour, é a primeira vez que o português leva para casa o triunfo na classificação geral final de uma prova por etapas, o que disse ser “especial”.
A última etapa da prova saudita acabou no meio do deserto, numa paisagem árida sem nada além de um luxuoso edifício cujo exterior é todo feito de espelhos, quase camuflando-se com a área envolvente, num cenário pouco habitual nas zonas de meta onde terminam corridas. Sinais de espetadores, de algo além da caravana do pelotão ou das autoridades sauditas não havia.
Na entrevista após o final, Rúben Guerreiro revelou estar “muito feliz”, voltando a sublinhar que a equipa fez um “trabalho fantástico” ao longo do Saudi Tour. Olhando ao futuro próximo, o português disse sentir-se com “20 anos” e “renascido”, garantindo-se cheio de ambição para 2023. Para terminar, ainda fintou uma pergunta sobre Cristiano Ronaldo, que também compete na Arábia Saudita, sublinhando estar “mais focado no ciclismo”, ainda que frisando que o avançado do Al-Nassr é “uma grande inspiração”.