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João Sousa e o dom para assustar Casper Ruud

Tenista português ainda ganhou um set ao primeiro cabeça de série na 2.ª ronda do Estoril Open, provando mais uma vez que é um adversário sempre duro para o número 5 do ranking. Num encontro intenso e agressivo dos dois tenistas, o norueguês confirmaria depois o favoritismo, apurando-se para os quartos de final, com parciais de 4-6, 6-2 e 6-2

Lídia Paralta Gomes

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Não foi nem há um ano que Casper Ruud, então já bem consolidado jogador do top 10, olhou para o outro lado da rede e viu João Sousa, então 79 do ranking, a servir para lhe ganhar um torneio. Foi em maio do ano passado, em Genebra, na Suíça, torneio que o discreto norueguês havia já conquistado, numa terra batida que é a sua casa, apesar da nacionalidade.

O estatuto de Ruud apareceu aí: quebrou Sousa naquele terceiro set, o jogo foi para tie-break e aí o nórdico foi mais forte. João Sousa ficou a muito pouco do segundo título do ano e da surpresa. Na altura, no discurso do vencedor, Ruud fez questão de sublinhar que os duelos com Sousa, apesar da diferença no ranking, eram sempre duras batalhas. E são mesmo. Até à data, os três encontros disputados tinham caído sempre para o lado de Ruud, mas por pouco. Em 2019 no Rio de Janeiro, vitória em três sets. No mesmo ano em São Paulo, dois sets trabalhosos para o agora números 5 do Mundo: 6-3 e 6-4. E em Genebra, a guerra foi ainda mais apertada. Ruud venceu o primeiro set no tie-break, João Sousa respondeu com um 6-4 e depois novo tie-break a cair para o lado do favorito.

Por tudo isto, era impossível dizer que o duelo da tarde desta quarta-feira no Estoril Open entre os dois fosse um protocolar passeio para Ruud, primeiro cabeça de série do torneio, face a um João Sousa que nas últimas semanas tombou para o posto 147, num início de temporada difícil e com pouco que festejar. Até porque o ano não tem sido particularmente famoso para o finalista de Roland-Garros e US Open do ano passado.

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No court, mais uma vez, conformou-se a tendência para João Sousa, seja qual for a condição, dar muito trabalho a Ruud. O norueguês está nos quartos de final, mas não sem um susto grande no primeiro set, em que o vimaranense jogou a um nível há muito tempo desaparecido, forte no serviço, bem a fugir à sua tradicionalmente frágil esquerda, a aguentar bem as batalhas no fundo do terreno. Ruud, por seu turno, parecia ainda adaptar-se às condições, ele que há praticamente um ano não jogava em terra batida. Com uma quebra de serviço a aparecer no timing certo, Sousa venceu o primeiro parcial por 6-4, em 38 minutos, com aproveitamento de 75% dos pontos tanto no 1.º como no 2.º serviço.

No segundo set começaram a aparecer os erros, de parte a parte, mas os de João Sousa foram mais custosos. O português ainda batalhou, e muito, mas um break logo no seu primeiro jogo de serviço colocou-o desde cedo na pressionante posição de perseguidor. O jogo continuou intenso, mas Ruud venceria por 6-2, aproveitando o arrefecimento da temperatura.

No terceiro set, o físico de João Sousa cedeu mais que o do norueguês, as longas batalhas na linha começaram a cobrar e a potência das pancadas de Ruud prevaleceu. Quebrado por duas vezes logo nos seus dois primeiros jogos de serviço, Sousa ainda colocou a cabeça de fora ao devolver um desses breaks, mas o nórdico voltou a quebrar o português, fechando o encontro com novo 6-2.

João Sousa sai assim de cena na 2.ª ronda, mas dando boa conta de si depois de semanas complicadas. Ruud diria no final que está ali “um exemplo de um grande lutador”, repetindo o que já havia dito há uns meses na Suíça: “É sempre duro jogar contra ele”. O norueguês terá agora pela frente o campeão de há um ano no Estoril, Sebástian Báez, nos quartos de final.