Depois da polémica deportação no ano passado, Novak Djokovic está de regresso à Austrália e teve encontro marcado com Nick Kyrgios para um jogo solidário antes de arrancar o primeiro Grand Slam da temporada. Foi a primeira vez que pisou o court em Melbourne depois do que aconteceu e o sérvio não conseguiu esconder que a receção dos australianos o deixou “emocionado”.
“Estou muito contente, muito obrigado”, disse na entrevista antes do jogo: “Sinto-me um pouco emocionado neste momento, para ser honesto. Estava muito ansioso por voltar a este court, por isso obrigado por terem vindo esta noite por uma grande causa”.
Em 2022, o tenista sérvio viu-se obrigado a deixar a Austrália por não estar vacinado contra a covid-19. O regresso ao país já tinha acontecido, logo nos primeiros dias deste ano, para jogar o torneio ATP 250, em Adelaide. Também aí a receção não poderia ter sido mais calorosa, mas permaneciam as dúvidas sobre como as coisas iriam correr em Melbourne - porque se alguns se mostraram contra a deportação do sérvio, outros defenderam que a decisão foi a mais correta.
No início desta semana, o diretor do Open da Austrália, Craig Tiley, pediu aos adeptos que fossem respeitosos. Sim, ouviram-se algumas vaias vindas da bancada, mas pouco se notou no meio de tanto apoio. Num jogo contra um australiano, parecia que também o sérvio estava a jogar em casa.
“É ótimo estar de volta à Austrália e a Melbourne. É o campo onde criei as melhores recordações da minha carreira no ténis”, disse o jogador.
Além do regresso à cidade, Djokovic voltou também a defrontar Kyrgios após o derrota na última final de Wimbledon. Os bilhetes para o duelo esgotaram em menos de uma hora e as duas estrelas fizeram o investimento valer a pena, mesmo com as dúvidas em relação a problemas físicos.
“Sinto-me bem”, disse Djokovic sobre a lesão, deixando ainda uma pequena provocação ao adversário: “Só esta partida me importa agora. Nick! O Nick está nos meus pensamentos, nas minhas orações”.
Kyrgios também não perdeu tempo, garantindo que está pronto para se vingar.
“É incrível. É um momento muito especial para mim, por isso espero que possamos dar um espetáculo para todos. Sei que os últimos anos em Melbourne têm sido uma luta, por isso vamos fazer o máximo possível desportivamente, vamos divertir-nos”, garantiu, antes do jogo. “Preciso da vingança de Wimbledon, não vou mentir, não durmo desde então. Vamos ver como corre”.
No final, o australiano conseguiu mesmo a sua vingança e venceu com os parciais 4-3, 2-4 e 10-9. Mas o resultado pouco importou, até porque a partida foi tudo menos aquilo que se espera habitualmente. Olhando para o caráter solidário e a forma como os dois partilharam o court com crianças e jogadores em cadeiras de rodas, foi muito mais do que só ténis.