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A última valsa de Roger Federer

A Laver Cup marca o adeus do homem que elevou o ténis a uma expressão artística. Federer fará esta sexta-feira o seu último jogo como profissional, em pares, ao lado do seu maior rival (e amigo) Rafael Nadal

Lídia Paralta Gomes

Icon Sportswire

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Hoje, quando cair o match point do último jogo do dia da Laver Cup, nesse instante que parecerá longo, até interminável e ao mesmo tempo efémero para o peso do momento, Roger Federer passará a ser um ex-tenista. E ao seu lado, na vitória ou na derrota, a primeira mão que vai encontrar, o primeiro abraço que irá receber será do seu maior rival, Rafael Nadal. Assentará bem à carreira do helvético, que, para lá dos 20 triunfos em torneios do Grand Slam e da estética onde o belo sempre deu as mãos ao triunfo, forjou uma aura de consensualidade pouco comum quando o assunto é competir. Na Laver Cup, torneio que o suíço de 41 anos idealizou, uma espécie de Ryder Cup do ténis, com tenistas europeus de um lado e do resto do mundo do outro, Federer vai juntar não só Nadal como Novak Djokovic e Andy Murray, que com ele foram dominando o ténis nas últimas duas décadas.

O adeus de Federer será o adeus que o seu joelho direito lhe permite ter, mas ainda assim um adeus poético. Não será um frente a frente, mas sim um lado a lado com o homem contra quem viveu alguns dos momentos mais felizes e dolorosos nos 40 duelos em que se digladiaram com uma rede pelo meio. E um inesperado fechar de ciclo: o primeiro confronto entre ambos foi precisamente num encontro de pares em 2004, quando um adolescente Nadal, com apenas 17 anos, em parelha com Tommy Robredo, surpreendeu Federer e Yves Allegro em Indian Wells. Dias depois, o suíço, já na altura duas vezes vencedor de majors, convidaria Nadal para se sentar na sua box e assistir a um jogo seu. O espanhol não tardaria a entrar com Federer na nobre arte do arrasamento de recordes do ténis.