A tenista ucraniana Anhelina Kalinina, número 29 do ranking WTA, quer usar o dinheiro que ganhar em Wimbledon para ajudar a reconstruir a casa da sua família, que foi bombardeada pelo exército de Putin. Para Kalinina, cada libra ganha significa mais do que “prize money” ou prestígio.
A vitória na primeira ronda, frente a Anna Bondar, na segunda-feira, significou a passagem à segunda ronda e 78 mil libras (cerca de 90 mil euros) que, segundo Kalinina, irão diretamente para a Ucrânia, para ajudar a família a reerguer a casa, mas não só. “É difícil concentrar-me, mas para mim é importante se ganho ou perco. Não estou apenas a ajudar a minha família, estou a ajudar outras famílias e outras pessoas”, disse a tenista, citada pelo “The Guardian”.
“Se fores passando, ganhas dinheiro. Assim, consigo ajudar, e estou a fazê-lo ao máximo. (…) Por isso, para mim, isso interessa”, disse Kalinina, que confessou que a família está neste momento a viver no apartamento da tenista, até que a sua habitação possa estar novamente habitável. “A casa foi atacada. Há buracos enormes. (…) Já não há apartamentos. (…) Por isso, eles vivem no meu apartamento”, contou a tenista.
“É um apartamento muito pequeno para a minha família, a minha mãe, o meu pai, o meu irmão… E eles têm animais de estimação. (…) Sim, estou grata por eles terem a oportunidade de viver [numa casa] e de eu poder jogar ténis. Isso é bom”, disse Kalinina, de 25 anos.
Curiosamente, Anhelina vai defrontar uma compatriota na segunda ronda do torneio. Lesia Tsurenko, que bateu Jodie Burrage na primeira eliminatória, foi precisamente quem alertou os jornalistas para a condição da casa onde vivia a família de Kalinina.
“Sinto que jogo melhor, apenas porque, para mim, emocionalmente, ganhar ou perder deixaram de existir. Há um grande problema na minha vida: chama-se guerra. E não há nada que possa bater isso”, disse Tsurenko, de 33 anos, citada pelo site “MyKhel”.
“Penso que todos os desportistas que podem participar em competições, também com todos os cantores que vão à Polónia e à Alemanha, com todos os concertos, [tudo isso] serve para lembrar o mundo inteiro de que estamos aqui, continuamos em guerra e precisamos da vossa ajuda”, disse Lesia Tsurenko.