Como vai encarar este jogo?
“Como encaramos todos os jogos, com o intuito de ganhar os três pontos que nos permitam ficar em 1.º lugar, que é sempre diferente de ficar em 2.º. É com esse pensamento que o grupo vai abordar este jogo, nestas condições é uma preparação difícil, mais de quadro e de vídeo do que de campo, não gosto disso, mas é compreensível porque chegámos ontem [domingo] de madrugada ao Continente, hoje ainda não vi os jogadores, temos hoje treino à tarde e não dá para fazer nada de especial devido às viagens, aos diferentes fusos horários que temos passado, às 60 e tal horas do jogo de Brugge para o do Santa Clara, tem sido uma densidade competitiva muito grande.
Não tem sido fácil, mas digo sempre, e não me posso contradizer, que é bom o clube estar em todas as competições e jogar de três em três dias, mas onde haja o mínimo de horas possível para se recuperar. Estava a ver as declarações do Rúben [Amorim] e dou-lhe total razão no que disse, porque não é a 48 horas de um jogo que se vai poder adiar e provocando o benefício dessas equipas que todos esperamos que passem - o Sporting e o SC Braga - para que jogam noutra altura, mais descansados, mas prejudicando o FC Porto na Liga.
Acho que tem de haver um planeamento desde início, na Holanda e na Grécia e por aí fora, se há essa possibilidade, os clubes que jogam na Europa não jogam no campeonato e nós, que chegámos quinta-feira às 3h ou 4h da manhã, a Portugal, um dia depois estávamos a sair para os Açores. Não estou a desculpar porque os jogadores sabem que não me desculpa com isso, o cansaço não é desculpa para tudo, temos de ter sempre a mesma postura e determinação, há muito a fazer da nossa parte, mas também do futebol português para que as equipas na Europa estejam mais protegidas.”
O que está a falhar para que esse foco não seja igual na Liga?
“O que queremos é que os jogadores estejam sempre no máximo, na red line, ao nível da motivação, em todos os momentos dos treinos e do dia a dia. Vamos tentando e sabemos, por tudo aquilo que já falei, o que é sair de um jogo empenhado da Liga dos Campeões e decisivo, e depois fazer uma viagem. É verdade que não fomos a equipa que esperávamos que fôssemos, não houve tempo na preparação para fazer algo de diferente.
Já fiz o contrário e mudei muitos jogadores depois de um jogo da Europa, para o campeonato, e não resultou. Tem de se encontrar aqui um equilíbrio e espero ter essa varinha mágica para que os jogadores estejam tão motivados numa final da Liga dos Campeões como num jogo da Taça de Portugal, contra uma equipa da III Divisão. Ainda não encontrei um antídoto para que eles estejam sempre hiper motivados em todos os momentos que entram neste clube, para que possam ser quem são em muitos momentos da época. Os jogadores conhecem-me e sabem que, nesse sentido, não facilito nada. Com essa exigência que crio, acabo por sofrer também e aparece numa ou outra reação. Até em casa, num jogo com os meus filhos, estou ali numa exigência máxima para ganhá-lo. Por isso, imagine o nível competitivo que tenho e que tento passar aos jogadores.
Jogo contra o Atlético é ideal para recuperar?
“Este é o próximo jogo, o do Santa Clara já passou. No mínimo, vamos ter de ter no jogo as características base da equipa - a humildade, a capacidade de trabalho, na intensidade que mete no jogo, na agressividade - e se não formos iguais a nós próprios, fica difícil, mesmo no campeonato. Depois da vitória com o Sporting, tivemos uma má primeira parte e vimos o que aconteceu; depois de um fantástico jogo com o Brugge, vimos o que aconteceu. Estamos a falar de sete pontos perdidos contra Estoril, Rio Ave e Santa Clara que, teoricamente, não os devíamos ter perdido.
Conversamos muito em grupo, percebemos o que está errado. É uma luta que tenho, queria ter capacidade para motivar os jogadores e toda a gente que trabalhar neste clube para que estivessem, sempre, no máximo das suas capacidades, do seu potencial. Ainda não encontrei, não perco a esperança e continuo o trabalho nesse sentido. Continuo a evoluir diariamente com eles e o caminho faz-se juntos e fortes.”
Vai fazer mudanças a pensar no campeonato?
“Não há mudanças para se ganhar e pensar no outro. As mudanças que têm que existir é as que acho necessários para se ganhar este jogo, é neste jogo que estou a pensar, não no próximo contra o Paços de Ferreira.”
Uribe e David Carmo não podem jogar
“Pode haver uma ou outra nuance diferente em termos estratégicos, mas não em função de um jogador, mas do próprio jogo. O Marcano tem trabalhado bem, sempre em estágio, é um jogador experiente, dedica-se diariamente ao máximo ao clube e ao treino. Temos alguns lesionados, é verdade. Estou um bocado limitado.”
Mantém a confiança de que será campeão nacional?
“A seu tempo falaremos do campeonato. O meu estado de espírito continua exatamente o mesmo em relação a todas as competições. O futebol é mesmo assim, muda rápido, o importante é não olharmos muito para a frente e olharmos para o nosso futuro imediato, que é o Atlético.”
Conhece bem o Simeone. Espera mudanças no Atlético?
“Aquilo que o Atlético vai fazer, não faço a mínima ideia. O Diego já mudou algumas vezes, conheço-o melhor como ex-jogador, como treinador conheço o que acompanho do que faz no Atlético de Madrid, onde tem ido até à fase final de todas as competições e feito um trabalho positivo ao longo dos anos. As suas equipas, vocês conhecem, são bastante agressivas, defendem de uma forma muito capaz e têm muita qualidade individual e bem apetrechadas do ponto de vista ofensiva, sabemos de tudo isso.
Sobre a forma como vai abordar o jogo amanhã, desconfiamos de comportamentos-padrão da equipa, mas não sabemos qual será a estratégia. Não sabendo, o mais importante é estarmos preparados e, em função disso, o mais importante é a nossa equipa e o que vamos fazer.”
Fala-se de que o Atlético está crise.
“Acho que é sempre uma grande equipa, tem um grandíssimo corpo técnico, uma grandíssima equipa e jogadores que se conhecem bem, jogam há muitíssimo tempo com o mesmo treinador e acho que isso é uma vantagem. Independentemente do momento, acho que o Atlético vai acabar por fazer uma época extremamente positiva, em termos estruturais é dos maiores clubes em Espanha. Uma época não é feita só de sucesso, há ciclos e este, provavelmente, será um ciclo menos bom do Atlético.
O nosso também não é bom na Liga, tem sido bom ultimamente na Liga dos Campeões. Amanhã é mais um desafio e, se não correr bem, provavelmente também vão estar a falar em crise no FC Porto. Temos de olhar para cada jogo e ir vivendo desses momentos com a capacidade de saber que cada um pode ser decisivo para cumprirmos os nossos objetivos.”