Nuno Santos quase me estragou os planos. Um golo daqueles às nove da noite na véspera de entregar a crónica. Quando uma pessoa já tem ideias e palavras todas alinhavadas, vem um calvo precoce que ninguém sabe se é extremo convertido em lateral ou lateral com tendências extremistas e introduz uma pequena grande letra que altera a realidade habitual em que vivemos e quase estraga a noite de um cronista.
Quase. Na televisão os comentadores exultavam e o mínimo que diziam era “Prémio Puskas, já!” Então, pensei: “isto não é futebol, é arquitetura. Não é prémio Puskas, é Prémio Pritzker!” Souto de Moura ganhou o prémio por ter desenhado, entre outros edifícios, um estádio, o arquiteto Nuno Santos há de recebê-lo por ter erigido um monumento num segundo de inspiração. Problema resolvido. À arquitetura o que é da arquitetura, ao futebol o que é do futebol.