Pepe – Kepler Laveran de Lima Ferreira – está feito um sentimental. Vimo-lo ontem [domingo]. Depois de quase partir a perna a um adversário, apressou-se a pedir desculpas, condoído, talvez a pensar que noutros tempos e com outra energia teria mesmo mandado o outro para o hospital. Será a ternura dos quarenta? Confesso que nunca tinha visto este Pepe humanitário em campo, um autêntico Gandhi de Maceió. Cheguei à conclusão de que é a idade. A idade amolece até o coração mais duro.
No final, depois de um jogo em que deu tudo para que não se notasse a ausência de dois companheiros, Pepe caiu exausto no relvado. Levantou-se para agradecer a homenagem dos adeptos e pela primeira vez terá sentido que o fim está próximo, que já não sobra muito caminho para caminhar, que mesmo um jogador com as suas extraordinárias capacidades atléticas vê chegar o momento de pendurar as chuteiras e dizer adeus aos hábitos sem os quais não se imagina a viver.