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Rúben Amorim e o complexo de Braga

À primeira aparente crise e ao primeiro discurso “nitidamente desorientado” de Rúben Amorim, que durante anos foi quase um porta-voz exclusivo do Sporting, o presidente Frederico Varandas demonstrou, escreve Bruno Vieira Amaral, um enorme defeito: só quando está calado é que o podem confundir com um grande presidente, um gestor fabuloso

Bruno Vieira Amaral

MANUEL FERNANDO ARAUJO/LUSA

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Uma coisa toda a gente sabia: quando Rúben Amorim, elevado ao estatuto de única voz do futebol do Sporting, ficasse afónico ou se estatelasse no campo da comunicação que domina como poucos, não poderia contar com Frederico Varandas para ir em seu auxílio. Varandas é médico, teve experiência militar no Afeganistão e estará certamente habilitado a salvar alguém que esteja em risco de vida. Só não lhe peçam para salvar ninguém com recurso à oratória.

Nunca houve um presidente de um grande clube tão incapaz no manejo da palavra quanto Frederico Varandas. Nem vale a pena compará-lo com o mestre do florete verbal, monsieur Pinto da Costa, ou com a metralhadora emocional que era o seu antecessor, entretanto dedicado às lides musicais e à tele-realidade.

Varandas até perde para Luís Filipe Vieira que, sem a almofada do discurso escrito, frequentemente se enredava em penosas sucessões de monossílabos soluçantes. Só que Vieira era, como ele gostava de dizer, um homem do povo. Adivinhava-se que, entre amigos e longe das câmaras de televisão, teria a eloquência popular e descontraída que não se tolera em circunstâncias mais formais.

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