Era uma vez um miúdo rechonchudo de uma pequena cidade sérvia, que bebia três litros de Cola-Cola por dia e adorava corridas de cavalos. Esta está longe de ser a descrição que esperamos ler sobre aquele que é o mais decisivo jogador de basquetebol da atualidade, mas aqui estamos nós, pendentes de um gigante de 2.11m, aparentemente desengonçado, sem ponta de músculo definido no corpo, que apenas se sente verdadeiramente em casa no seu rancho e junto aos seus cavalos na Sérvia, mas com um cérebro capaz de processar informação mais rápido que qualquer outro, com mãos viperinas na hora de distribuir jogo e jeito para lançar de qualquer lado do campo.
Conseguir ou não travar Nikola Jokic é a fronteira entre a glória e a desgraça nesta temporada da NBA, o mesmo Jokic que em 2014 teve de ouvir quarenta nomes antes do seu surgir no draft da NBA, incógnito a meio da 2.ª ronda, enquanto a transmissão passava um anúncio a uma conhecida cadeia de tacos. A prova que não há burrito ou guacamole que valham subestimar um jovem europeu que nove anos depois, e já depois de se tornar duas vezes MVP da liga, leva os Denver Nuggets a uma inédita final da NBA.
Do outro lado estará uma equipa e uma organização mais que habituada a estas andanças, os Miami Heat, que vão para a sétima final e vão a partir desta quinta-feira (já às 1h30 em Lisboa, Sport TV1) lutar por um quarto título. Desde 1999, na altura com os New York Knicks, que um 8.º cabeça de série nos playoffs não chegava à final da NBA. Mas apesar da experiência e de ter no banco provavelmente o melhor treinador da liga, Erik Spoelstra, o favoritismo vai direitinho para os Nuggets, da Denver incrustada entre picos cheios de neve do montanhoso Colorado, mais habituado à glória dos Broncos do futebol americano do que aos feitos da sua equipa de basquetebol.
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