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Mundial 2022

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Weghorst, o alvo do “qué mirás, bobo?” de Messi, levou tudo a bem: “Encaro-o como um elogio, agora ele sabe o meu nome”

Quando Lionel Messi perguntou a um jogador neerlandês, em modos pouco simpáticos, para onde estava a olhar após a vitória da Argentina nos ‘quartos’ do Mundial, o momento viralizou, em parte, devido à postura pouco comum no capitão alviceleste. O tal futebolista era Wout Weghorst, que só esta quarta-feira falou (sem problemas) sobre o sucedido

Diogo Pombo

ANP

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Com os mais de 1.000 jogos que já fez, a perceção generalizada acerca de Lionel Messi tê-lo-á como um tipo pacato, pouco dado a exaltações de humor ou grandes manifestações do que seja. Nos primórdios da carreira até engordaram rumores de o argentino ter um espetro de autismo, algo que lhe teria sido diagnosticado em criança, alegação sem bases que correu à solta na pradaria das alegações. Resumindo, o argentino é, aos 35 anos, como quase sempre foi. Mas, depois, veio o Mundial.

Contra os Países Baixos e nos quartos de final, a temperatura do jogo puxou algo mais de Messi. Após marcar um golo, virou-se na direção do banco de suplentes do adversário, encostando as mãos às orelhas e mostrando as palmas para quem lá estava sentado, em jeito de provocação. Depois, a partida fez da bola uma montanha-russa: os europeus alaranjados, a perderem 0-2, empataram nos descontos, forçando um prolongamento e posteriores penáltis graças a dois golos de Wout Weghorst, um matulão avançado.

Finda a sobrevivência da Argentina, colocaram o capitão argentino diante de um microfone e uma câmara na zona de entrevistas rápidas, ainda equipado e com tudo vivido a quente. Às tantas, olhando para longe, Messi parece encontrar alguém com o olhar, dirigindo-lhe uma “qué miras, bobo?” carregado de sotaque do seu país - em tradução livre, significa um pouco simpático “estás a olhar para o quê, idiota?”. A questão, averiguou-se mais tarde, era para Weghorst.

Eliminado do Mundial e recambiado para a atividade clubística bem antes do que Messi, o neerlandês retornou ao Besiktas e, na quarta-feira, jogou na vitória (3-1) frente ao Sanliurfaspor, a contar para a Taça da Turquia, marcando um golo. No desfecho, os jornalistas aproveitaram para questionar Wout Weghorst sobre o sucedido no Catar. Primeiro, os 1,97 metros de avançado reconheceram que “houve alguns momentos” entre ambos durante o Argentina-Países Baixos porque “todos os jogadores são iguais” para ele e “vai sempre lutar com tudo” em campo, deixando algum enigma nessa descrição.

Depois, explicou em concreto o pequeno e alegado arrufo com Lionel Messi, com boa-disposição: “Acho que ele é um dos maiores jogadores na história do futebol, tenho muito respeito por ele. Aliás, era isso que lhe queria demonstrar depois do jogo, mas ele não estava muito aberto a isso, ainda estava um pouco chateado com ele. Encaro-o como uma grande vantagem que ele agora saiba o meu nome, acho que fiz uma coisa boa”.

Puxando a brasa ao lado da grelha onde são braseadas, há muito, as comparações entre o calmo e temperado Lionel Messi, constante na exibição da sua genialidade não terráquea, e o volátil e falível Diego Armando Maradona, tão genial quanto irascível nas falências humanas, os argentinos viram do atual capitão que conquistou o Mundial um episódio de intempestividade como os que o falecido ídolo foi colecionando ao longo da sua carreira. Tudo estará bem quando acaba bem, pois Weghorst não parece ter levado a mal.