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Mundial 2022

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Agora que Irão e Catar foram eliminados, FIFA já vai permitir mensagens de apoio à comunidade LGBTQI+ e às mulheres iranianas

A FIFA mudou de ideias em relação aos protestos durante o Mundial do Catar, mas toma a decisão numa altura em que quem mais tem utilizado o torneio para falar sobre direitos humanos já não está. As novas regras foram anunciadas no dia seguinte à eliminação do Irão e Catar

Rita Meireles

Fantasista

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O Mundial prepara-se para entrar numa segunda fase. No domingo começam os oitavos de final e só metade das seleções vão permanecer em competição. O que não se esperava é que existisse também um segundo plano para os protestos pelos direitos humanos. Após a confirmação da eliminação de alguns países, a FIFA surgiu com novas regras.

Depois de uma semana e meia em que as imagens de seguranças a apreender artigos com as cores do arco-íris ou com mensagens de apoio às mulheres iranianas foram quase tão comuns como as fotografias dos próprios jogos, Irão e Catar foram eliminados na fase de grupos. E agora, só agora, a FIFA deu uma garantia pública de que esses objetos vão passar a ser permitidos.

“A FIFA está ciente de alguns incidentes em que não foi permitida a exibição de artigos permitidos nos estádios”, lê-se na declaração do organismo divulgada esta quarta-feira e citada pela “Associated Press”. “A FIFA recebeu garantias das autoridades de que os seguranças dos estádios foram contactados em relação às regras e regulamentos acordados para o Mundial do Catar”.

Na primeira semana do torneio, sete equipas europeias, incluindo o País de Gales, tentaram usar uma braçadeira de apoio à comunidade LGBTQI+, mas foram proibidas pela FIFA. Alguns adeptos queixaram-se de também não terem sido autorizados a levar artigos com as cores do arco-íris para os estádios do Catar, onde a homossexualidade é criminalizada.

Do lado do Irão os protestos multiplicaram-se, mas nem sempre foram vistos com bons olhos. Muitos dos adeptos que se deslocaram ao Catar tinham o objetivo de apoiar a sua equipa e de continuar as manifestações pelos direitos das mulheres que há meses marcam o dia-a-dia no país. Também aqui as bandeiras ou camisolas com as palavras “mulher, vida, liberdade” ou qualquer outra forma de apoio nem sempre passaram pela segurança. Os próprios jogos do Irão foram carregados de emoção, quer os jogadores cantassem - porque tinham de o fazer - ou não o hino.

As novas regras da FIFA surgem após as seleções dos países visados por esse tipo de protestos já não vão voltarem a jogar, depois de os resultados terem enviado a Inglaterra e os Estados Unidos do Grupo B para os ‘oitavos’. Uma espécie de: agora que não estão, podem iniciar o protesto.

“A FIFA continua a trabalhar em estreita colaboração com o país anfitrião para assegurar a plena implementação dos regulamentos e protocolos acordados”, concluiu.