Jogos Paralímpicos

Na estreia de Portugal no triatlo paralímpico, Filipe Marques ficou às portas do pódio

Na estreia de Portugal no triatlo paralímpico, Filipe Marques ficou às portas do pódio
ANTÓNIO PEDRO SANTOS

Não bastava nadar. Filipe Marques chegou à primeira transição no primeiro lugar, mas perdeu terreno no ciclismo. O português ainda conseguiu minimizar a quebra e ficou em quarto lugar na categoria de PTS5

Quando começou a competir, achava que podia desafiar pessoas sem nenhum problema físico. É sintoma de alguém que nasceu alheio a limites. Foi com a licra do fato de Filipe Marques que pela primeira vez o nome de Portugal se colou ao corpo de um triatleta nos Jogos Paralímpicos. Na estreia nacional na modalidade, a glória metálica ficou à distância de uma posição. O quarto lugar não valeu uma medalha, mas Filipe saciou-se com um nobre diploma na categoria de PTS5.

Embora o triatlo, por definição, englobe três modalidades, há um quarto momento igualmente decisivo. As transições são quebra-cabeças em que o sucesso não se garante pela resistência, mas pela agilidade na remoção do fato emborrachado e no montar da bicicleta. O processo de troca de indumentária não foi brilhante. Filipe Marques que tinha sido o mais rápido a emergir das águas do Sena – cujas condições motivaram o adiamento da prova –, com 15 segundos de vantagem face ao brasileiro Ronan Cordeiro, o perseguidor mais próximo, acabou por perder a liderança no início do percurso velocipédico.

Filipe Marques, cujo problema no pé não lhe permite recorrer à totalidade da força da perna esquerda, terá antecipado na natação as dificuldades do segmento que se seguiu, tentando ganhar uma vantagem que acabou por não ser suficiente. Em cima das duas rodas, o triatleta de Amora manteve-se equilibrado, só ao nível do posicionamento é que acabaria por cair. Apesar de tudo, a distância para as medalhas não era irrecuperável ao longo da corrida onde chegou em quinto lugar, a 18 segundos do húngaro Bence Mocsari, o terceiro classificado, e a 21’’ do alemão, Martins Schulz, que ia comandando.

O português conseguiu ultrapassar Bence Mocsari e cruzou a meta com o fecho zip do fato a meio do peito como alguém quem desamarra o esforço para o deixar pelo caminho percorrido até à porta do pódio. O norte-americano Chris Hammer foi o vencedor. Renan Cordeiro e Martin Schulz também asseguraram medalhas (prata e bronze, respetivamente).

Depois de um segundo lugar nos Europeus e das vitórias nas Taças do Mundo de Málaga e Alhandra, em 2023, Filipe Marques soma mais um bom resultado. Ninguém vai tropeçar na fasquia em que ficou colocado o triatlo paralímpico, quanto muito bate-se com a cabeça nela de tão elevada que ficou.

Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: fsmartins@expresso.impresa.pt