• Expresso
  • Tribuna
  • Blitz
  • Boa Cama Boa Mesa
  • Emprego
  • Expressinho
  • O Mirante
  • Exclusivos
  • Semanário
  • Subscrever newsletters
  • Últimas
  • Classificação
  • Calendário
  • Benfica
  • FC Porto
  • Sporting
  • Casa às Costas
  • Entrevistas
  • Opinião
  • Newsletter
  • Podcasts
  • Crónicas
  • Reportagens
  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
  • RSS
Tribuna ExpressoTribuna Expresso
  • Exclusivos
  • Semanário
Tribuna ExpressoTribuna Expresso
  • Últimas
  • Classificação
  • Calendário
  • Benfica
  • FC Porto
  • Sporting
  • Casa às Costas
  • Entrevistas
  • Opinião
  • Newsletter
  • Podcasts

Jogos Olímpicos

A miúda que tem mais recordes nacionais do que anos

16 anos e 19 recordes nacionais. Os números não definem Marisa Vaz Carvalho, mas caracterizam-na enquanto atleta. Não gosta de estar parada e quer sempre fazer mais. É nos 100 metros barreiras que se destaca, embora seja vencedora em competições nacionais e internacionais - tome fôlego para esta lista - no salto em comprimento, no salto em altura, no lançamento do peso, nos 200 e nos 800 metros e ainda em provas combinadas. Esta é terceira história da série “Esperanças Olímpicas”, em que o Expresso dá a conhecer o percurso dos que, muito provavelmente, levarão o nome e as cores de Portugal aos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020
Loading...

3,2,1. Pum!

Corre, corre, corre… e salto. Corre, corre, corre… e salto. Corre, corre, corre… e salto. Corre, corre, corre… e salto. Corre, corre, corre… e salto. Corre, corre, corre… e salto. Corre, corre, corre… e salto. Corre, corre, corre… e salto. Corre, corre, corre… e salto. Finalmente a meta.

A cada prova há dez barreiras e 100 metros a separar Marisa Vaz Carvalho da meta. Quer sempre ter os melhores tempos. Aos 16 anos, gosta da rapidez ou não fosse os 800 metros a disciplina “menos favorita”, porque “demora muito tempo”, diz. Apesar das barreiras serem dos melhores resultados que alcançou, não é só delas que vive. Faz salto em comprimento, salto em altura, lançamento do peso e dardo, 200 metros, estafetas e provas combinadas. Ou seja, a Marisa faz quase tudo.

“Já tive atletas em todas as grandes competições internacionais, mas penso que nunca treinei uma atleta tão completa como a Marisa. Podemos andar a vida inteira a ter muitos bons atletas, mas nunca ter ‘A Atleta’ - todos os treinadores sonham ter um atleta desses. Pode ser que seja a Marisa”, comenta João Abrantes, o técnico que acompanha a barreirista desde dos 11 ou 12 anos.

Foi quando Marisa era “muito novinha” que o treinador percebeu a raça de atleta que tinha em mãos. Num dos treinos, ainda como iniciada, atrapalhou-se com a velocidade e tropeçou numa das barreiras. Caiu, ficou toda esfolada e a sangrar. Chorou com a dor e foi levada ao posto médico para ser assistida.

“Normalmente, quando há uma queda, desde que não seja grave, os atletas têm de voltar a fazer o exercício para não ganharem medo. Mas como era tão novinha e a queda foi tão aparatosa disse-lhe que o treino ficava por ali”, lembra João Abrantes.

Mas não era isso que Marisa queria. “Quero fazer outra vez”, disse. E fez. Foi para a linha de partida. Todas pessoas que estavam na nave coberta do centro de alto rendimento do Jamor pararam para olhar. Ela arrancou e correu sem parar, a uma velocidade ainda maior. “De tal maneira que quando ela terminou, e sem ser combinado, toda a gente espontaneamente desatou a bater palmas”, recorda orgulhoso o técnico. “Vi que tinha uma atleta com uma determinação enorme e com uma característica que é fundamental nas barreiras, a coragem”, acrescenta.

“Não para quieta. Ainda no outro dia estava a pedir-me para fazer o lançamento do disco”, diz a mãe, Teresinha Vaz, em tom de brincadeira.

Marisa com o treinador João Abrantes e a mãe Teresinha Vaz

Uma família de alto rendimento

Além de Marisa, também a mãe, o pai, o irmão, a irmã e o tio estão ou estiveram ligados ao desporto de alto rendimento. Há quase uma dinastia Vaz Carvalho no atletismo nacional (prepare-se, a lista é longa): Teresinha Vaz, a mãe, conquistou nove recordes entre 1983 e 1986 no lançamento do dardo; Joaquim Carvalho, o pai, internacionalizou-se e foi campeão nacional dos 400 metros barreiras, do decatlo e dos 400 metros; Teresa Vaz Carvalho, a irmã com 21 anos, já se sagrou campeã nacional do salto em comprimento e, ainda como júnior, atingiu uma marca que lhe permitiu ser considerada como a segunda melhor saltadora nacional de sempre, apenas superada por Naide Gomes; e José Carvalho, o tio, ficou em 5º nos 400 m barreiras dos Jogos Olímpicos de Montreal, em 1976.

Só o irmão, 29 anos, é que experimentou o atletismo e... não gostou. Foi no voleibol que encontrou a vocação. Jogou pelo Clube Voleibol de Oeiras e foi vice-campeão nacional.

“O desporto sempre foi um modo de viver. Se não tivesse o desporto, nem sei o que era de mim”, desabafa Marisa Vaz Carvalho.

Marisa com os pais e os dois irmãos mais velhos

Os pais nunca obrigaram os três filhos a praticarem alguma modalidade. O ambiente energético e desportivo que os abraçou desde os primeiros dias de vida foi o incentivo para os pequenos quererem praticar desporto. Marisa delirava a saltar à corda, a andar de patins, skate ou bicicleta. Mais tarde fez hipismo, golfe, basquetebol e surf.

Chegou a “treinar à séria” kickboxing. Nessa altura, a irmã mais velha já brilhava nos saltos e nas corridas. Muitas vezes Marisa ficava na bancada a assistir. Outras, descia à pista para umas brincadeiras. Convidaram-na a participar em algumas provas de atletismo. E ainda sem treinar, Marisa começou a ganhar.

“Estava na altura a fazer hipismo, mas não havia hipótese de apanhar uma e apanhar outra em locais diferentes, então começou a experimentar o atletismo. E nesta brincadeira foi ficando devido ao horário da mãe, que também era chauffeur. Já que uma estava aqui [no Jamor] não me dava jeito andar a fazer piscinas de um lado para o outro”, explica Teresinha.

Aos 12 anos, o atletismo entrou mais a sério na vida desta Esperança Olímpica. Começou a treinar duas vezes por semana, depois três e agora quatro. “Ainda com treinos bissemanais, fez logo marcas que nunca se tinham feito” conta a mãe orgulhosa.

Desde logo experimentou as várias disciplinas do atletismo, “pois distrai-se facilmente e só uma não iria chegar”. O primeiro amor de Marisa foi o salto com vara, pela altura e a velocidade. Talvez também pelos milésimos de segundo que ficava no ar a voar. “Era a coisa com mais adrenalina que havia e ela é uma miúda de adrenalina”.

Marisa Vaz Carvalho durante a infância

“Sinto-me feliz e viva, ao contrário do que acontece na escola”, explica Marisa em tom de brincadeira. “É uma maneira de descontrair ao final do dia. É um hobbie levado a sério”, acrescenta.

O simbolismo das barreiras

Este sábado assinala-se o 16º aniversário do atual recorde nacional nos 100 metros barreiras (quando aconteceu, Marisa ainda não tinha completado um ano de vida). Desde 2000, ninguém conseguiu bater a marca dos 13,14 segundos impostos por Isabel Abrantes. A antiga atleta do Benfica foi a primeira treinadora da Esperança Olímpica e é casada com o atual técnico da jovem, João Abrantes.

“Espero que seja a Marisa a bater. Era simbólico e muito engraçado. Além disso, o recorde ficava em casa”, comenta o treinador e amigo da família Vaz Carvalho.

Há bem pouco tempo, a jovem atleta quebrou mais uma marca: é atualmente a detentora da melhor marca europeia de juvenis nos 100 metros barreiras. Foi em julho deste ano, em Tbilissi, na Geórgia.

Momentos como este não enchem a atleta de vaidade, dão-lhe mais vontade de fazer mais. Há algum embaraço no rosto de Marisa em falar dos feitos, prefere passar despercebida. Quando o tema de conversa é as vitórias conta pouco. “Orgulho-me te tudo o meu percurso. Não há nenhum momento assim tão acima”, diz apenas. No fim das contas, Marisa tem mais recordes (19) do que anos de vida (16).

O Comité Olímpico destaca as qualidades de Marisa nos 100 metros barreiras

Há vida além dos Olímpicos

Parecendo que não, com Marisa não há pressas. Desde cedo ficou claro entre os pais e o treinador que se iria deixar correr as coisas com naturalidade e sem pressões. Há ainda uma grande margem de progresso, tendo em conta que a jovem faz quatro treinos semanais e que poderá, com o tempo e a experiência, chegar aos nove. O objetivo imediato é conciliar a escola com o atletismo.

“Não é uma excelente aluna, é suficiente. Não posso exigir, tendo em conta a situação dela, que me traga para casa um 18 ou um 19. Agora, tem sempre de passar de ano”, afirma Teresinha.

Marisa vai em setembro para o último ano do secundário. Está em ciência e tecnologias. Quer seguir o ensino superior, não sabe bem qual o curso, mas a Faculdade de Motricidade Humana, em Lisboa, parece ser o caminho mais provável. “Claro que quero ir para algo relacionado com o desporto”, diz.

Apesar de reconhecerem o prestígio de Marisa ser considerada uma “Esperança Olímpica” pelo Comité Olímpico Português, a equipa (porque é isso que a atleta, o treinador, e a família são), sabe que há muito a fazer. A mãe pede calma e lembra que ainda há muitos “ses” até 2020. O treinador teme que o mediatismo em volta dos Jogos seja motivo de pressões adicionais.

Além das barreiras, a atleta ainda dedica parte do treino aos lançamentos e saltos

“Sobrevalorizamos um bocadinho. Para o ano há campeonato da Europa de juniores, será essa a prova mais importante. Daqui a dois anos, há o campeonato do mundo de juniores, então será essa a prova mais importante. Em 2020, no ano dos Olímpicos, essa será a prova mais importante. A carreira de um atleta é feita de tudo isso. Não podemos andar sempre sonhar de quatro em quatro anos como se nada existisse”, defende João Abrantes.

Chegar ao palco dos sonhos é cada vez mais difícil. No caso do atletismo, participar nos Jogos Olímpicos significa que o atleta está entre os 32 melhores do mundo na sua especialidade. E como podem estar presentes até três atletas de cada país, implica muitas vezes estar entre as 16 melhores nações do mundo.

“A nível desportivo, acho que é possível daqui a quatro anos estar nos Jogos Olímpicos. Acho que toda a gente que faz atletismo pensa nisso. O meu objetivo não é ganhar, é apenas ficar nas oito melhores. Acho que é possível conseguir... pelo menos estou a trabalhar para isso”, confessa a jovem atleta.

Até lá ainda há muito a trabalhar e muitos mais metros para pôr nas pernas. Tóquio está à espera de Marisa. Com mais uns aninhos... e mais uns recordes.

Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: tribuna@expresso.impresa.pt

Jogos Olímpicos

  • Jogos Olímpicos

    Jogos Olímpicos de verão no inverno? Catar confirma candidatura para 2036

    Lusa

  • Jogos Olímpicos

    Portugal vai ter, pelo menos, três atletas no esqui alpino dos próximos Jogos Olímpicos de inverno

    Lusa

  • Jogos Olímpicos

    “Há tubarões no oceano e continuamos a surfar”: os Jogos de Brisbane querem que o remo e a canoagem decorram num rio habitado por crocodilos

    Pedro Barata

  • Jogos Olímpicos

    A primeira africana, a primeira mulher, a mais nova desde Coubertin: Kirsty Coventry é a nova presidente do Comité Olímpico Internacional

    Pedro Barata

+ Exclusivos
+ Artigos
  • Opinião

    Lago de tubarões

    Tomás da Cunha

  • Ciclismo

    Contar com a ajuda da equipa, ser forte no contrarrelógio, rematar na última montanha: como pode João Almeida dar a volta a 48 segundos?

    Pedro Barata

  • Ciclismo

    João Almeida já se imaginou a ganhar a Vuelta? Já. Mas atenção: “Imaginar e fazer são coisas diferentes. As pernas é que vão decidir tudo”

    Pedro Barata

  • Crónica

    Contra os espanhóis, marchar, marchar!

    Bruno Vieira Amaral

+ Vistas
  • Ciclismo

    Contar com a ajuda da equipa, ser forte no contrarrelógio, rematar na última montanha: como pode João Almeida dar a volta a 48 segundos?

  • A casa às costas

    “Aos 12 anos, os meus pais foram para Penafiel e decidi ficar com a minha família adotiva, só com eles poderia ser jogador de futebol”

  • Tribuna 12:45

    João Almeida a segundos de entrar no Olimpo

  • Crónica de Jogo

    O talento de João Cancelo silencia o ruído húngaro

  • Futebol internacional

    A guerra de bastidores escalou. Como Nuno Espírito Santo não conseguiu ficar em silêncio, o enfurecido dono do Nottingham Forest despediu-o

  • Ciclismo

    Vuelta. No monte dos vendavais, João Almeida teve instinto de sobrevivência. Faltou o de matador

  • Reportagens

    Pelo Boavista, contra o Boavista: estes são os corações divididos do Panteras Negras

  • Ciclismo

    João Almeida já se imaginou a ganhar a Vuelta? Já. Mas atenção: “Imaginar e fazer são coisas diferentes. As pernas é que vão decidir tudo”

+ Vistas
  • Expresso

    "Dá que pensar quando se afirma que pedir duas classificações mínimas de 9,5 em exames é demasiado exigente para entrar no ensino superior"

  • Expresso

    Ministro da Educação deve demitir-se ou pedir desculpas ao Reitor do Porto, defende ex-presidente da Comissão de Acesso ao Ensino Superior

  • Expresso

    Polónia vai invocar o artigo 4º da NATO: Tusk alerta para conflito militar "mais próximo do que nunca desde a Segunda Guerra Mundial"

  • Expresso

    Marques Mendes diz que diretor da Faculdade de Medicina do Porto deve "meter mão na consciência"

  • Expresso

    Jorge Coelho demitiu-se porque tinha informações sobre a Ponte de Entre-os-Rios, como disse Carlos Moedas? Não

  • Expresso

    Milhazes sobre ataque a edifício do Governo ucraniano: “Não se admirem que a Ucrânia queira atacar o edifício equivalente em Moscovo”

  • Expresso

    “Divirtam-se, façam o que entenderem, mas deixem-me fora disso. Este filme é para os fãs do meu pai que ainda vivem enfeitiçados”

  • Expresso

    Dura derrota de Milei em Buenos Aires pode complicar governabilidade na Argentina após legislativas de outubro

Tribuna ExpressoTribuna Expresso
  • Subscrever
  • Exclusivos
  • Newsletter
  • Semanário
  • Estatuto Editorial
  • Código de Conduta
  • Ficha Técnica
  • Política de Cookies
  • Termos de Utilização
  • Política de Privacidade
  • Regras da Comunidade
  • Publicidade
  • Contactos
  • Lei da Transparência
  • Assinar
Siga-nos
  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
  • RSS