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Jogos Olímpicos

Angélica, a miúda sem medo do frio

Aos três anos, Angélica André mergulhou o pé na piscina pela primeira vez. Os pais não sabiam nadar, mas não queriam que acontecesse o mesmo com a filha. Dezoito anos depois, Angélica nada em rios, mares e albufeiras. Ficou a poucos segundos das medalhas no europeu deste ano e, por “querer demais”, acabou por falhar o apuramento para os Jogos Olímpicos. Não vai ao Rio, mas Tóquio está à espera dela. Esta é segunda história da série “Esperanças Olímpicas”, em que o Expresso dá a conhecer o percurso dos jovens que muito provavelmente vão representar Portugal aos Jogos Olímpicos em 2020
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O amor à natação tramou-a. A esperança no apuramento para os Jogos Olímpicos era grande e Angélica André tinha tudo para consegui-lo. Esteve bem perto, mas aquele 11 de junho, em Setúbal, não foi o dia que a jovem de Matosinhos imaginava.

Os dez quilómetros que a separavam do sonho olímpico foram todos nadados com o coração. “Faltou cabeça. Queria demais e só via a meta à frente. Nos dez quilómetros das águas abertas, nove são feitos com a cabeça e só o último é que é com o coração. Assim que a Angélica caiu na água, só o coração mandou”, lembra o treinador Rui Borges.

Ainda antes da prova, tudo parecia estar alinhado para um fantástico resultado. Angélica estava bem-disposta, “almoçou em condições” e não parecia estar nervosa. Quando se ouviu o sinal de partida, entrou na água e nadou, nadou, nadou.

Liderou a prova, mas cansou-se demais. Ou melhor, demasiado cedo. O desgaste fez-se sentir e o rendimento baixou. Conseguiu terminar a prova em 1h57, na 19ª posição. Precisava de ter ficado entre as 15 melhores para assegurar o apuramento para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

“Assim que saiu da água abracei-a com força. Como mãe, mantive-me forte, mas por dentro chorei muito. Ainda hoje tenho um nó na garganta. Só há poucos dias é que a Angélica conseguiu contar-me o que sentia e o quanto lhe custou perder o apuramento”, diz Laura André. “Isto foi uma lição. Ela está diferente, está ainda mais motivada”, acrescenta.

A prova chegou duas semanas depois, quando, apesar de ainda sentir na pele a derrota “dolorosa”, fez a melhor prova dos seus 21 anos de vida: ficou em 5º nos Europeus, à frente de muitas atletas que estão a competir no Brasil.

Neste momento, é nas águas abertas que se sente mais preenchida
Rui Duarte Silva

Da piscina abafada para a liberdade do mar

Angélica, que nasceu a 13 de outubro de 1994, foi o terceiro rebento e a primeira menina da família André. Era - e é - “a princesinha” da casa, que contava sempre com a proteção dos irmãos mais velhos, Miguel e Vítor.

Logo desde pequenos, os três começaram a nadar juntos. A mãe nunca soube nadar, enquanto o pai “dava apenas um jeitinho”. Não queriam o mesmo para os filhos. “Aos três anos inscrevi-a na piscina pelo infantário e desde logo começou a gostar”, conta a mãe.

Com a entrada na escola primária, Miguel e Vítor mudaram-se para o voleibol, mas Angélica só queria a natação. “Andava sempre atrás de mim: 'quero ir para a piscina, quero ir para a piscina, quero ir para a piscina'. Ao que tive de lhe responder: 'está bem, mulher. Cala-te que eu vou lá pôr-te”, recorda Laura, divertida.

Aos sete anos, Angélica começou a nadar pelo Leixões. Durante muitos anos, em dia de treino, um dos pais deixava-a na piscina logo pela fresca, mas às 8h15 a atleta já estava na escola. Por volta das 18h, após as aulas, ia novamente treinar. Desde então, não mais parou.

“Faz-me sentir bem. Gosto de estar a nadar. Acho que se neste momento parasse ia sentir falta disto”, explica Angélica.

Em pequena, Angélica André já gostava de brincadeiras dentro de água

Ganhou a primeira medalha ainda no escalão infantil, mas nem se lembra bem das circunstâncias em que conseguiu o feito. Lembra-se, isso sim, do ano de estreia enquanto atleta sénior: foi campeã nacional. “Foi tão bom. A única coisa que me passou pela cabeça é que o esforço vale sempre a pena”, recorda. Ainda como juvenil bateu o recorde dos 800 e dos 1500 metros livres - e este último era o recorde mais antigo da natação portuguesa, que ninguém conseguiu quebrar durante 29 anos.

O treinador Rui Borges, que está ao lado de Angélica desde os 11 anos, sempre soube que a jovem tinha muito para dar. Aos poucos e poucos, a atleta que tinha diante dos seus olhos tornava-se cada vez mais forte e mais persistente. “Parecia-me que no final das provas de 1500 metros estava pronta para repetir mais duas ou três vezes”. Foi assim que surgiu o desafio: e se Angélica experimentasse as águas abertas?

Tal como o nome indica, o atleta não nada na piscina. Vai para o mar, para um rio, para lagos ou para albufeiras, e as distâncias aumentam drasticamente em relação à piscina, com provas entre os três e os 25 quilómetros. Nos Olímpicos, a única prova é composta por dez quilómetros.

Angélica treina com a equipa do Fluvial Portuense na praia de Matosinhos
Rui Duarte Silva

Se para os pais foi um susto, para Angélica foi uma paixão. “É livre. A pressão que tenho no mar é totalmente diferente da que tenho na piscina, em que estou num lugar delimitado e muito abafado”, explica.

As competições são mais agressivas: há toques involuntários (e não só) entre as participantes, há rochas, vento, água fria e, por vezes, quando se nada mais à beira-mar, os embates na areia são frequentes.

“As águas abertas são uma raça diferente. Tem de existir um grande espírito de sacrifício, as capacidades do atleta são testadas ao limite”, comenta Rui Borges. “A Angélica tem uma vantagem, é que é uma miúda que gosta muito de nadar com água fria”.

No corpo da jovem há nódoas negras, feridas e crostas. É quase como um inventário das várias provas em que já participou. “É normal. Não é nada de especial... Às vezes o olho fica inchado”, relativiza a nadadora.

Rui Duarte Silva

Determinada e talentosa

Quem a viu crescer assegura que continua a “mesma miúda de sempre”, humilde e simples, que não deixou o sucesso subir-lhe à cabeça. Vânia Nunes, 25 anos, a única nadadora que vai estar a competir no Rio de Janeiro em águas abertas, há muito que conhece Angélica. Mais do que colegas de equipa e de treino, são amigas. “Com elas as duas acontece sempre alguma coisa hilariante”, avisa o treinador, que sabe bem o que a casa gasta.

No ano passado, em Cozumel, no México, as duas atletas partilharam um quarto durante uma das etapas para a Taça do Mundo. Ainda de madrugada, Vânia acordou e deu com Angélica na casa de banho com a tesoura do kit de primeiros socorros em punho. Estava a cortar o cabelo para que não a atrapalhasse na prova.

Vânia riu-se. Mas foi ela que acabou por finalizar o novo penteado de Angélica. “Momentos como este temos vários, até porque somos as duas muito brincalhonas. Ajuda-nos a lidar com a pressão das provas”, diz. “Como amiga não há nada a apontar. Está sempre pronta a ajudar, a fazer uma piada ou a dar um abraço quando é necessário. Como atleta, é um exemplo para qualquer um”.

Angélica com Vânia Nunes e Rui Borges durante um treino na praia de Matosinhos
Rui Duarte Silva

Também o treinador se desfaz em elogios: “É persistente, não vira a cara a nada, é ambiciosa e trabalha muito”. Até hoje, Angélica participou em pelo menos 30 provas com dez quilómetros em águas abertas. Nunca desistiu.

Treinador e 'pai'

Há quatro anos, o cancro roubou a Angélica o pai. A tristeza transformou-se em força. A revolta em motivação. “Acho que posso dizer que sou uma lutadora. Das várias dificuldades que tive consegui dar a volta por cima”, diz a portuense com orgulho e saudade no olhar.

Foi um período doloroso para a família. Laura André julgou que filha mais nova se deixasse ir a baixo, “mas aguentou firme”. A mãe não tem dúvidas de que os amigos e familiares foram essenciais. Tal como o treinador.

“Têm uma relação muito especial. É bonito de ver a cumplicidade entre os dois. Acho que o Rui foi o treinador que mais a marcou. Na minha opinião – e já a transmiti ao treinador – ela vê nele um bocadinho do pai que perdeu”, conta Laura.

Em Rui, Angélica vê um ídolo e um amigo. Mas na hora do trabalho, é o treinador quem manda. Os dois cruzaram-se no Leixões, quando a nadadora ainda estava nos infantis, com 11 anos. Entretanto, a vida e o desporto levaram-nos para o Fluvial Portuense. Atualmente, fazem aproximadamente seis horas de treino diário. Descanso só ao sábado ou ao domingo. Além do trabalho em piscina, há ainda alguns treinos na praia (um meio fisicamente mais semelhante ao que Angélica encontra nas provas de águas abertas) e um programa de ginásio.

Para Angélica, água a 16 graus é a temperatura ideal
Rui Duarte Silva

Destino: Tóquio (com escalas no mundial e no europeu)

No último ano esteve totalmente focada na natação e no apuramento. Fazia (e quer continuar a fazer) do desporto um modo de vida. Angélica terminou o 12º ano e agora quer ser treinadora. “Já fiz o primeiro nível, só falta o estágio”.

Mas a prioridade agora é descansar. Em setembro, os treinos recomeçam e “trabalho” é a palavra de ordem. Tóquio parece ainda estar a anos-luz. Até lá, há mundiais, europeus, taças do mundo e campeonatos nacionais para disputar.

“Se ela meter naquela cabeça que consegue mesmo andar ao lado das mais fortes, acho que é possível chegar aos olímpicos”, defende Rui. “Tem muito potencial e um talento natural. Em 2020 estará lá quase de certeza absoluta”, acrescenta Vânia Nunes. Quem sabe não estarão as duas?

Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: tribuna@expresso.impresa.pt

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