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Futebol nacional

A competitividade prevaleceu sobre a representatividade e assim floresceu a Liga 3, o campeonato dos tomba-gigantes da Taça de Portugal

Na 3.ª eliminatória da Taça de Portugal, quatro equipas do terceiro escalão — Varzim, Lank Vilaverdense, Vitória de Setúbal e Oliveira do Hospital — eliminaram adversários da I Liga, sendo que também Felgueiras e Caldas colocaram Sporting de Braga e Benfica em apuros. Com a ajuda de José Couceiro, diretor técnico nacional da FPF, fomos perceber o que mudou na divisão de bronze para que haja um “processo evolutivo”

Pedro Barata

Jogadores do Varzim, da Liga 3, festejam o triunfo contra o Sporting

MANUEL FERNANDO ARAUJO/Lusa

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No começo de maio de 2020, boa parte do mundo estava ainda fechada em casa, a viver os primeiros meses de uma pandemia de destino incerto. Portugal não era exceção mas, quando as ruas ainda estavam desertas, a Federação Portuguesa de Futebol anunciava um plano que era “resultado da reflexão dos últimos seis meses com as associações e demais sócios FPF”.

A entidade liderada por Fernando Gomes comunicou a colocação em marcha de um “amplo plano de emergência” com uma meta clara: “a reestruturação do terceiro escalão do futebol sénior masculino e a criação de uma nova prova”, a Liga 3, que serviria “de acesso à II Liga”.

Naquela temporada 2019/20, o terceiro degrau competitivo era o Campeonato de Portugal. A prova dividia-se em quatro séries, cada uma com 18 equipas. Significava isto que o terceiro escalão tinha 72 conjuntos, passando, de uma etapa da pirâmide para outra, dos 18 participantes na II Liga para os 72 da divisão de bronze.

Assim, num plano em três fases, a reestruturação do futebol nacional não profissional teve uma espécie de ano zero em 2021/22 e ficará completa em 2023/24. O terceiro escalão passou a chamar-se Liga 3, ficando o Campeonato de Portugal como a quarta divisão. A Liga 3 tem, inicialmente, 24 equipas, passando a 20 na versão final em 2023/24, ao passo que o Campeonato de Portugal ficará, na versão definitiva, com 56 formações em 2023/24.

Quer isto dizer que, ao passo que em 2019/20 havia 72 clubes no terceiro escalão, no final desta reforma haverá 76 no somatório do terceiro e do quarto degraus da pirâmide. Uma redução com um propósito.

José Couceiro, diretor técnico nacional, explica-a recorrendo ao “binómio competitividade-representatividade”. Em conversa com a Tribuna Expresso, Couceiro explica que os dois factores influenciam-se mutuamente, contribuindo um para encolher o outro.

“Quando queremos ter uma prova com mais competitividade, estamos a colocar em causa a representatividade, que é o que sucede nas ligas profissionais. Quando queremos mais representatividade, que é o que agora sucede no Campeonato de Portugal, estamos a alargar a competição, mas sabemos que colocamos em causa a competitividade”. Desta premissa partiu a criação da Liga 3, uma “competição intermédia entre a competição da representatividade" — o Campeonato de Portugal — “e a competição profissional”, disputada na I e II Ligas.

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