Futebol internacional

O Athletic voltou a ser feliz 40 anos depois da joelhada de Maradona

O Athletic voltou a ser feliz 40 anos depois da joelhada de Maradona
CRISTINA QUICLER

O Athletic Bilbao conquistou a Taça do Rei de Espanha frente ao Maiorca nas grandes penalidades. A última vez que os bascos tinham vencido o troféu foi em 1984, contra o Barcelona

O sempiterno Diego Armando Maradona tinha sido o último a ser derrotado pelo Atheltic na final da Taça do Rei. Entre o fervor basco e o sul-americano venha o diabo e escolha. Naquele ano de 1984, essa figura do inferno não se conseguiu decidir e colocou todos contra todos.

El Pibe esteve duas temporadas no Barcelona e nas duas perdeu o campeonato para o Atheltic. Eram duros de roer aqueles jogadores treinados por Javier Clemente. Faziam das pernas tesouras e cortavam pela raiz os que se opusessem aos seus interesses. Mais, no Santiago Bernabéu, em plena capital espanhola, não havia como deixar que o País Basco saísse diminuído.

Endika Guarrotxena, com a origem basca obrigatória para usar a camisola do Athletic, marcou cedo. A frustração de Maradona no final motivou um tête-à-tête que semeou uma batalha campal. O argentino aviou o Miguel Ángel Sola com uma joelhada na cara e até que a polícia repusesse a calmaria, o cenário não foi bonito.

Anjo Gorostidi, era o médico do Athletic, e contou ao portal espanhol Relevo que Sola saiu do relvado “completamente K.O.” e “só acordou no balneário”. Enquanto Maradona era despachado para Nápoles, onde se elogia mais a loucura, os jogadores do Athletic foram festejar na Gabarra que nada mais é do que o barco em que os bascos celebram os grandes títulos. Desde 1984, nunca mais foi usada.

40 anos depois, o Athletic voltou à final da Taça do Rei. Por superstição, só a muito custo o clube divulgou um plano de segurança para os barcos que quisessem acompanhar uma saída “hipotética” da Gabarra se a equipa atualmente treinada por Ernesto Valverde voltasse a levantar o troféu.

O entusiasmo desmedido levou uns bons milhares de adeptos bascos a mais até Sevilha, onde o Estádio de La Cartuja, com cerca de 58.000 lugares, foi pequeno para tanta gente que se deslocou. Desde 1984, o Athletic voltou à final em seis ocasiões. A dor daquela derrota contra a Real Sociedad, podia ser amenizada com uma vitória contra o Maiorca.

“A história deve-nos uma Taça do Rei”, dizia o defesa Íñigo Lekue ao El Mundo. No mesmo jornal, Javier Clemente confessava estar “farto” que o lembrassem que tinha sido o último treinador a ganhar o troféu com o Athletic. “Tenho vontade que me tirem esse título. Quero que as crianças que ainda não viram saibam o que significa ganhar um grande título como a Taça do Rei".

Esse desejo foi uma ordem para Ernesto Valverde que levou o Athletic de novo à glória. Nesse shot de emoções que são os penáltis, Alex Berenguer fechou as contas. No tempo regulamentar, marcou Oihan Sancet como resposta ao golo inaugural do Maiorca, da autoria de Daniel Rodriguez. 40 anos depois, a Gabarra vai voltar a zarpar.

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