Futebol internacional

“Lutamos pela sobrevivência:” o histórico Schalke 04, mergulhado numa crise, corre o risco de desaparecer

“Lutamos pela sobrevivência:” o histórico Schalke 04, mergulhado numa crise, corre o risco de desaparecer
Ralf Ibing - firo sportphoto/Getty

O clube de Gelsenkirchen, sete vezes campeão e um clássico da Champions deste século, está em 15.º da 2. Bundesliga. Em caso de descida ao terceiro escalão, a dívida do Schalke, cifrada em cerca de €165 milhões, impossibilitaria que lhe fosse atribuída uma licença para competir, obrigando-o a recomeçar como clube amador a partir do fundo da pirâmide do futebol alemão

“Lutamos pela sobrevivência:” o histórico Schalke 04, mergulhado numa crise, corre o risco de desaparecer

Pedro Barata

Jornalista

O “Bild” classifica o momento do Schalke 04 como “um desastre” e um “embaraço”. A “Sky” alemã partilha da ideia, com um claro “eles não sabem o que estão a fazer”. Os adeptos, dos mais fiéis da Europa, fazem protestos contra jogadores e dirigentes.

Em Gelsenkirchen, a preocupação pelo estado de um dos maiores clubes do futebol alemão é enorme. O Schalke é 15.º na 2. Bundesliga, a segunda divisão, tendo os mesmos pontos que o 16.º, o Eintracht Braunschweig, e o 17.º, o Hansa Rostock, que está em posição de descida direta ao terceiro escalão.

E é esse cenário de queda na terceiro divisão que assusta o Schalke. Segundo a “Sky”, uma segunda despromoção seguida — na época passada os Die Knappen ("Os Mineiros") caíram da Bundesliga — significaria o fim do Schalke como o conhecemos. Isto porque a dúvida do clube, de cerca de €165 milhões, impediria que lhe fosse atribuída uma licença para o terceiro escalão.

Desta forma, seria preciso, depois de 119 anos de existência, refundar o Schalke, tendo de reiniciar-se na Regionalliga West, no fundo da pirâmide do fussball. As palavras de Karel Geraerts, técnico belga que orienta a equipa, são claras: “Lutamos pela sobrevivência”.

Ralf Ibing - firo sportphoto/Getty

O inferno para o Schalke acentou-se a partir da temporada 2020/21, quando o clube caiu, pela primeira vez em 30 anos, à 2. Bundesliga. A despromoção seguiu-se à saída de Clemens Tönnies, que ocupava o cargo de presidente desde 2001, mas não resistiu a um escândalo envolvendo as condições de trabalho numa das suas empresas de produção de carne, na qual houve um surto de covid-19.

O retorno à elite em 2021/22 precedeu nova descida em 2022/23. Nesta época, encarada com o claro objetivo de subir, os resultados pioraram após a paragem de inverno, com derrotas frente ao Hamburgo, por 2-0, e Kaiserlautern, por 4-1.

Raúl e Neuer, outros tempos no Schalke
Alexander Hassenstein/Getty

Com sete títulos de campeão alemão, cinco taças, uma taça da liga, uma supertaça e uma Taça UEFA, o Schalke é um dos mais laureados clubes do país. Além do êxito desportivo, é ainda famoso pela sua academia, que trouxe para o futebol nomes como Manuel Neuer, Benedikt Höwedes, Julian Draxler, Mesut Özil — quatro campeões do mundo pela Alemanha, em 2014 — ou Leroy Sané.

A Veltins-Arena, estádio anteriormente conhecido como Arena AufSchalke, foi construído, no início do século, como um dos recintos mais modernos da Europa. Lá o FC Porto fez história, vencendo a Liga dos Campeões, em 2004, e Portugal derrotou a Inglaterra nos quartos-de-final do Mundial de 2006.

Mesmo perante esta profunda crise, o estádio continua a ter, nesta temporada, uma incrível média de 61.533 espetadores por encontros, o que significa estar praticamente cheio em todas as rondas.

Entre 2005/06 e 2018/19, o Schalke participou sete vezes na Liga dos Campeões. Foi às meias-finais em 2010/11, com Neuer ou Raúl no plantel, e aos quartos-de-final em 2007/08, quando eliminou o FC Porto. Não passou muito tempo, mas os tempos em Gelsenkirchen são drasticamente diferentes.

Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: tribuna@expresso.impresa.pt