Se queres ver um ídolo em descrédito, um mito criticado, coloca-o como treinador. Fá-lo descer da nuvem dos heróis e submete-o, semanalmente, ao teste dos resultados, à ditadura da bola que entra ou bate no poste e vai para fora.
O Barcelona conhece este filme. Ronald Koeman, o ídolo de Wembley, o protagonista da primeira vez em que os culés foram campeões europeus, foi despedido há dois anos, saindo do cargo de técnico como uma lenda desfeita.
Por estes dias, é o estatuto de Xavi a ser colocado à prova. Campeão espanhol em título, símbolo do melhor Barça de sempre, as últimas semanas têm desafiado o crédito do mestre do ADN dos catalães entre o público de Camp Nou.
No alargado entorno do clube, entre os muitos que diariamente opinam sobre o Barcelona, há cada vez mais vozes contra o treinador. Criticam os resultados, claro, mas também o discurso, muitas vezes agarrado a desculpas como o estado do relvado ou a reformulação do plantel.
E, em plena época natalícia, o debate à volta de Xavi irá subir de tom. Os blaugrana empataram a um na visita ao terreno do Valencia, chegando aos três desafios seguidos sem vitórias.
O ambiente na visita ao Mestalla era de desconfiança culé. Na sequência das derrotas contra o Girona, na passada ronda da La Liga, e diante do Antuérpia, na Liga dos Campeões, havia a necessidade de ver uma resposta cabal por parte dos campeões em título. Houve muitas oportunidades de golo, mas falta de eficácia e o adensar da crise.
Com Thierry Correia a titular nos locais e João Félix e Cancelo de início nos visitantes, o Barça rematou muito (oito disparos enquadrados), mas viu Giorgi Mamardashvili, o georgiano que defende a baliza do Valencia, fazer uma grande atuação.
Aos 55', João Félix, assistido por Raphinha, colocou os catalães na frente. Foi o sexto golo do português em 19 partidas pelos blaugrana. No entanto, 15 minutos depois do golo de Félix, Guillamon igualou com um excelente remate
Com este resultado, o Barcelona segue em terceiro, com 35 pontos em 17 jornadas. O Real Madrid tem mais quatro pontos e o surpreendente Girona está seis pontos à frente, mas estas duas equipas têm menos uma ronda realizada. São tempos difíceis para Xavi.
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