O caso rebentou na última semana, envolvendo jogadores como Sandro Tonali, contratação milionária do Newcastle esta época, ou Nicolò Zaniolo, e já tem a primeira sanção. Nicolò Fagioli, jovem médio da Juventus, de 22 anos, não poderá subir a um campo de futebol nos próximos sete meses depois de assumir estar envolvido em apostas em plataformas ilegais.
A pena, confirmada esta terça-feira depois de um acordo entre os advogados do jogador e o Ministério Público de Turim, é, na verdade, de 12 meses, mas nos últimos cinco Fagioli comprometeu-se a dedicá-los a um plano de reabilitação, dando à sanção um caráter mais pedagógico do que punitivo, já que a suspensão poderia chegar até aos três anos.
Fagioli assumiu ter violado as regras da FIFA, que impedem os jogadores de apostar, para não colocar em causa a integridade das competições. O agente do jogador, Marco Giordano, sublinhou em declarações ao diário “La Repubblica” que o seu cliente sofre de ludopatia, vício nas apostas, e que já o tinham aconselhado a “assumir o problema” e a “proceder ao respetivo tratamento”. Fagioli colaborou com as autoridades, o que lhe valeu a redução da pena, e terá de seguir um plano terapêutico que envolverá, também, a visita a vários centros ligados ao desporto e de recuperação de dependências, que serão escolhidos pela federação italiana, para falar do seu caso e da sua luta contra o vício no jogo.
Um novo escândalo de apostas que varreu na última semana o futebol italiano começou com uma investigação de um fotógrafo, Fabrizio Corona, passando depois para a alçada do Ministério Público transalpino. No seu testemunho, Fagioli terá apontado o dedo a Sandro Tonali, diz o jornal “Il Messaggero”, acusando o colega de o ter incentivado a começar a apostar. O antigo médio do AC Milan já está em Itália e a ser ouvido pelas autoridades, garantindo que irá também colaborar. Não deverá também escapar a uma longa suspensão.
Sobre o caso que mancha de novo um futebol italiano propenso a escândalos, Gabriele Gravina, presidente da federação, lembrou que os jogadores envolvidos são “miúdos” que não se podem converter em “carne para canhão”.
“Em Itália existe uma doença: o vício no jogo é uma praga social, não é só do futebol. Há 5,1 milhões de pessoas que jogam e 1,5 milhões delas estão viciadas”, sublinhou, em declarações antes do Inglaterra - Itália desta terça-feira. “Todos os que pedirem ajuda serão ajudados”, sublinhou ainda, lembrando que a federação não serve apenas para “castigar, mas também para acompanhar o processo de reabilitação”.
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