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Sete-zero: reality check para o United em Anfield Road

O Liverpool goleou esta tarde, no Estádio de Anfield, o grande rival histórico da Premier League, por 7-0. Darwin Núñez marcou dois golos, tal como Cody Gakpo e Mohamed Salah, um avançado que superou o recorde de 128 golos de Robbie Fowler no campeonato inglês pelos reds

Hugo Tavares da Silva

Michael Regan

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O futebol dá e tira, é que ainda devem estar a pensar os adeptos de Manchester United e Liverpool. Se os primeiros andavam com a cabeça na lua, ainda a celebrar a vitória na Taça da Liga e o top-3, os segundos têm sido sovados por uma inexplicável e improvável travessia do deserto. Depois, já sabemos, entra a bola em ação e inverte-se toda a lógica.

Esta tarde, em Anfield Road, depois de passar um avião com a mensagem “Klopp out”, o Liverpool passou por cima do Manchester United e aproximou-se do Tottenham, o primeiro clube na zona de Champions. A primeira parte deste clássico até teve bons momentos da equipa de Erik ten Hag, mas os golos começaram a escorrer das botas e cabeças dos futebolistas da casa.

Antes do festival do Liverpool, Bruno Fernandes esteve perto do golo, servido por um cruzamento “à Beckham” de Diogo Dalot (as palavras estão no live blog do “The Guardian”), a que se juntou o golo anulado por fora de jogo a Casemiro. Depois, sim, o desvario. Cody Gakpo foi o primeiro a molhar a sopa. A jogada começou em Alisson. O brasileiro enviou a bola para Andy Robertson, que foi paciente e convidou o Gakpo a massacrar as costas de Fred (a compensar Dalot) com uma corrida. O reforço de inverno domou a bola, cortou para dentro e bateu nela para o poste mais distante, 1-0. Qualidade.

Darwin Núñez meteu o 2-0, depois da defesa do United perder a bola. Harvey Elliot colocou-a depois na cabeça do uruguaio. Os fantasmas de tempos idos voltaram com a andadura triunfante do marcador: Gakpo voltou a marcar, depois de hesitações alheias. Este Liverpool com fome não tem sido visto na Premier League e já deixava saudades.

Michael Regan

O mago da equipa, Mohamed Salah, entrou na festa e meteu o 4-0 e o 6-0, superando assim o recorde de Robbie Fowler na Premier League. O egípcio tem agora 129 golos. Pelo meio, Darwin voltou a marcar de cabeça, celebrando loucamente o 5-0. “Este recorde estava na minha cabeça desde que cheguei aqui”, diria o africano na flash interview, mostrando-se felicíssimo. A equipa terá agora de manter a humildade, alertou também.

O 7-0 aconteceu aos 88’, por Roberto Firmino, o avançado que confirmou esta semana que vai abandonar o clube em final de contrato. O brasileiro levantou os punhos cerrados e os adeptos celebraram certamente a cereja no topo do bolo que significava aquela bola, mas também o percurso deste magnífico futebolista. O United foi um desastre durante os segundos 45 minutos, apático, inexistente. Foram seis golos na segunda parte. Na celebração do 7-0 houve uma invasão de campo, certamente de um adepto da casa, que deixou Jurgen Klopp muitíssimo insatisfeito.

Estará o Liverpool de volta? Uma vitória desta magnitude no clássico dos clássicos, uma das obras de Alex Ferguson aquando da sua passagem pelo United, pode significar uma cambalhota na alma dos rapazes que costumavam passar por cima de qualquer adversário em Anfield Road. De acordo com a Opta, esta é a maior vitória de sempre dos reds contra os red devils, superando o que foi testemunhado em outubro de 1895 (7-1), num duelo no segundo escalão do futebol.

Com justiça, os adeptos acabaram o jogo a cantar o tradicional “You’ll never walk alone”. A equipa cantou o mesmo, mas com as botas…

  • Cultura Man. United
    Crónica

    Erik ten Hag não está a trabalhar para ganhar um título isolado. Está a trabalhar para que o Manchester United possa estar na luta por todas as provas. Talvez nem o clube o soubesse quando o contratou, analisa Tomás da Cunha. Mas o treinador neerlandês, mais do que bater-se com o estatuto de Cristiano Ronaldo - dividindo o mundo até se perceber que a equipa ficou a ganhar -, é a pessoa certa para devolver aos red devils a cultura ganhadora de outrora