A exigência dos avaliadores afetos ao jornal francês “L’Équipe” tornou-se sinónimo do órgão de comunicação em si. Não é fácil conseguir arrancar um 10 a quem atribui as notas a cada jogador após uma partida de futebol. Ao longo da história do diário desportivo, contam-se pelos dedos das duas mãos (e mais uns poucos dos pés) as ocasiões em que houve um sortudo a ficar com o sorriso ainda mais aberto.
Talvez a raridade da ocorrência surpreenda mais do que o mais recente premiado: Erling Haaland, o prodígio-golo do Manchester City, foi carimbado com os dois algarismos logo após o 6-3 deste domingo frente aos grandes rivais do United. O norueguês marcou metade dos golos da sua equipa, para além de ter feito dois passes decisivos para dois dos outros tentos. Em suma, Erling esteve em cinco dos seis golos dos cityzens.
São vários os nomes sonantes na lista de elite, naturalmente, mas houve também os ilustres desconhecidos – se não totalmente, pelo menos não tão famosos – a fazerem o jogo da sua vida, na ótica dos jornalistas do “L’Équipe”. O primeiro futebolista a merecer a distinção foi Bruno Martini, numa final França-Grécia do Europeu de Esperanças de 1988. Os gauleses ganhariam por 3-0, erguendo o troféu. Na verdade, Martini só jogou porque Claude Barrabé, o habitual titular, estava suspenso. Mas, aparentemente, fê-lo muito bem.
Na lista, além das vedetas, há um nome conhecido dos portugueses por ter passado por cá: Carlos Eduardo. O brasileiro pisou os relvados da I Liga entre 2010 e 2014, primeiro no Estoril Praia, depois dando nas vistas pela inconstância no FC Porto, que o emprestou ao Nice, onde esteve uma época antes de rumar às Arábias. Foi na Ligue 1, em 2014 e em casa do Guingamp, que o médio conseguiu o feito de encantar o “L’Équipe”: foram cinco os golos marcados por Carlos Eduardo, justificando com números o número que lhe foi atribuído. O jogo terminou 7-2.
De entre as estrelas dos últimos anos a levarem o selo máximo, destacam-se Kylian Mbappé, nota 10 num jogo entre a seleção francesa e o Cazaquistão, com o concorrido avançado do PSG a marcar quatro golos; Neymar – num 8-0 do PSG ao Dijon – e Robert Lewandowski. O polaco, que ainda atuava pelo Borussia Dortmund, marcou quatro golos ao Real Madrid, na Liga dos Campeões, ou seja, a totalidade dos pontapés concretizados da sua equipa, que venceu 4-1.
Lionel Messi é o único a ter sido contemplado por duas vezes. Em 2010, nos quartos de final da Liga dos Campeões, foram dele os quatro tiros certeiros com que o Barça derrotou o Arsenal, com os ingleses a marcarem por uma vez. A 7 de março de 2012, nos oitavos de final da liga milionária, em que o Barcelona encontrou o Bayer Leverkusen, o argentino pulverizou os alemães com cinco dos sete golos marcados pelos catalães (o Bayer marcou 1).