Enquanto festejava um dos golos do Brasil frente à Tunísia, Richarlison, avançado do Tottenham, foi atingido por uma banana atirada por um espetador nas bancadas. O brasileiro celebrava junto a uma das bandeirolas de canto quando lhe acertaram com o objeto, prontamente pontapeado pelo compatriota Fred.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) emitiu um comunicado que publicou na rede social Twitter: “Infelizmente, foi atirada uma banana para o campo, em direção a Richarlison, marcador do golo do Brasil. A CBF reitera a sua posição de combater o racismo e repudia qualquer manifestação de preconceito”.
A título pessoal, o presidente do organismo, Ednaldo Rodrigues, também se pronunciou: “Mais uma vez, venho publicamente expressar a minha repugnância. Desta vez, vi-o com os meus olhos. Isto choca-nos. (…) A luta contra o racismo não é uma causa, mas uma batalha fundamental para a mudança (…). Insisto que os castigos para estes crimes têm de ser mais severos”.
Ainda antes do jogo, um amigável de preparação para o Mundial, a seleção brasileira tinha tirado fotografias enquanto segurava uma faixa antirracismo que dizia: “Sem os nossos jogadores negros, não teríamos estrelas nas nossas camisolas”. São cinco, uma por cada Campeonato do Mundo conquistado (1958, 1962, 1970, 1994 e 2002).
O incidente com Richarlison está longe de ser o primeiro do género. Apesar dos relatos recentes de abusos racistas, como os que fizeram com que Marega abandonasse o Vitória de Guimarães-FC Porto, a questão é antiga. Em 1970, três jogadores do West Bromwich Albion, de Inglaterra, confessavam-se vítimas de insultos, que um deles, Brendson Batson, relatou ao jornal “The Guardian”, em 2014: “Saíamos do autocarro em jogos fora e a Frente Nacional [partido de extrema-direita] estaria ali, nas nossas caras. Nesse tempo, nem segurança tínhamos”.
Mais recentemente, o antigo defesa da seleção inglesa e do Manchester United, Rio Ferdinand, admitiu ter sido vítima de racismo. “Magoa. É também o que faz aos amigos e à família. Já vi membros da minha família ficarem despedaçados. Tenho de me sentar e explicar [aos meus filhos] o que significa o emoji do macaco naquele contexto, o que significa a banana”, explicou Ferdinand.
Já este ano, Anthony Elanga, do Manchester United, foi vítima no lugar mais comum por onde se manifesta o racismo, por estes dias, contra futebolistas: online. Em fevereiro, depois de ter falhado um penálti frente ao Middlesbrough, num jogo da Taça de Inglaterra, o jogador recebeu múltiplas mensagens abusivas nas redes sociais.
Uma das situações que ficaram na retina dos adeptos de futebol foi a protagonizada por Dani Alves, em 2014, no jogo entre o Barcelona, que representava, e o Villarreal. Com um sentido de humor e uma calma louváveis, o internacional brasileiro preparava-se para marcar um canto quando lhe acertaram com uma banana. Alves pegou no fruto, descascou-o e comeu-o, sem pestanejar, prosseguindo com a marcação do pontapé de canto.