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Futebol feminino

Jogadoras fizeram denúncia conjunta de assédio sexual à FPF, que a encaminhou para as autoridades. Famalicão já suspendeu treinador

As futebolistas enviaram várias provas pela plataforma de denúncia anónima da Federação Portuguesa de Futebol durante a manhã desta sexta-feira, que a encaminhou para o Conselho de Disciplina da entidade e o Ministério Público. Desde 2020, contudo, o Comando Metropolitano da PSP do Porto não recebeu qualquer queixa formal relacionada com assédio sexual. O Famalicão, entretanto, suspendeu o treinador Miguel Afonso das suas funções “até que a verdade dos factos seja apurada”

Diogo Pombo e Isabel Paulo

PATRICIA DE MELO MOREIRA/Getty

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Um conjunto de jogadoras que, na época 2020/21, representaram a equipa feminina do Rio Ave e estiveram na origem das denúncias de assédio sexual, noticiadas pelo jornal “Público”, contra o treinador Miguel Afonso, enviaram, na manhã desta sexta-feira, uma denúncia anónima à Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Ao que foi possível apurar pela Tribuna Expresso, a queixa foi submetida através da plataforma de denúncias no site da federação.

A denúncia foi acompanhada de provas que consistem em gravações de mensagens de áudio e excertos de conversas tidas entre as futebolistas e o técnico nas redes sociais, como as que, na noite de quinta-feira, foram divulgadas no Twitter.

Cumprindo o que é procedimento habitual nestes casos, a FPF remeteu a denúncia para a Polícia Judiciária (PJ) e o Ministério Público (MP). Terá sido a primeira queixa formal feita pelas jogadoras visadas. O Comando Metropolitano da Polícia de Segurança Pública (PSP) do Porto informou, após contacto do nosso jornal, que “não tem queixas registadas em Vila do Conde", localidade a que pertence o Rio Ave, “sobre o caso em questão”. As relações-públicas da entidade, contudo, acrescentaram que “tal facto não invalida a apresentação de queixa noutras esquadras, posto da GNR ou junto do Ministério Público”.

Ao começo desta tarde, o Famalicão revelou que “face aos acontecimentos ocorridos” suspendeu de funções o treinador Miguel Afonso, que contratara no início desta época. A decisão foi tomada “por mútuo acordo e com efeitos imediatos”, lê-se em comunicado, “até que a verdade dos factos seja apurada”. O clube ressalvou que “não se revê em nenhuma atitude de teor abusivo ou de desigualdade de género”.

Ainda na quinta-feira, o Famalicão reagira ao caso dizendo que não tinha “conhecimento de nenhuma acusação ou denúncia às entidades competentes”, garantindo que “censurará sempre qualquer forma de abuso, violência ou desrespeito pelo outro”. O clube garantiu ainda que “caso se venha a comprovar a existência de algum facto praticado" pelo treinador que “atente ou tenha atentado contra a liberdade de alguma atleta, tomará todas as providências ao seu alcance para as sancionar”.

Na próxima jornada da Liga BPI, a 15 de outubro, o Famalicão, finalista vencido da última edição da Taça de Portugal, visita o Benfica. O clube é o atual quinto classificado do campeonato.

Já o Rio Ave revelou que, na temporada relativa às denúncias, teve conhecimento de “alguns comentários circunstanciais” reportados “por atletas” devido a "alegadas abordagens despropositadas do treinador, explicando que Miguel Afonso “negou tais situações” e o tema não teve seguimento “a pedido” das jogadoras.

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